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COMUNICAÇÃO, NEGÓCIOS E A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO

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Por Aislan Greca
Grupo de Comunicação do Vale

Em nosso dia a dia talvez muito de nós não percebemos, mas vivemos em uma das regiões mais industrializadas e tecnológicas do nosso país.

Celeiro de grandes idéias e cortada por uma rodovia por  onde circula mais da metade do PIB do Brasil, o Vale do Paraíba é, certamente, um  dos polos econômicos mais importantes da América Latina. Mas o que tudo isso tem a ver com comunicação organizacional ? Na minha opinião, tudo.

Muitos de nós, comunicadores do Vale, trabalhamos direta ou indiretamente para as indústrias ou fornecedores dessas e nosso trabalho, num momento ou noutro, entra na vereda da comunicação interna, seja no desenvolvimento de uma campanha, na organização de um evento ou numa ação de relacionamento para os empregados, ou “colaboradores” ,como preferir.

Apegados no tecnicismo de uma região extremamente cartesiana em sua cultura devido ao ramo de negócio no qual trabalhamos, nós, comunicadores imersos também nessa mesma cultura, desenvolvemos instintivamente, na maioria das vezes, campanhas e ações frias, extremamente estruturadas, tayloristas, respeitando minuciosamente os manuais de gestão e de segurança industrial das organizações.

Será que uma empresa, dentro deste contexto, realmente precisa de um comunicador para fazer um cartaz informando um operário para usar um capacete ou editar um manual para um grupo de gestores conhecer o planejamento estratégico?

Claro que não.  Hoje, com os recursos tecnológicos de que dispomos, qualquer pessoa com boa redação pode fazer esse simples trabalho de informar, que é bem diferente de comunicar. Então, qual o papel do comunicador neste processo?  E aí, que entra essa história do Vale do Paraíba de que falei anteriormente. O papel do comunicador é o de construir sentido, é explicar e dar a noção para as pessoas do seu papel nos mais diferentes aspectos, e isso poucos diletantes sabem fazer.

Provoco com as seguintes questões: será que o empregado de uma indústria tem ideia da importância do Vale para o Brasil? Será que um operário sabe que uma idéia desenvolvida neste celeiro tecnológico que é o Vale pode revolucionar o mercado aeroespacial, automobilístico, de petróleo e gás e o de tantas outras atividades instaladas nesta importante região ? Será que um trabalhador de uma determinada empresa sabe, ao receber as metas do ano, que a sua atividade impacta além dos muros da organização?

Esta é a nossa responsabilidade como comunicadores. Dar noção do todo. Convencer, persuadir e integrar, utilizando o lado direito do cérebro. Algo que nenhum informativo, ou qualquer outra ferramenta de comunicação, por mais bem feita que seja, vai atingir se não estiver envolvido num sentido mais amplo.

A comunicação é para realmente fazer algo se tornar comum, além da produção técnica facilmente obtida, hoje, em nossa sociedade. A função nossa como comunicadores é dar o sentido e responder a essa pergunta: “o que estou fazendo aqui?” dentro de um mar de informações úteis e inúteis que circulam na frente de cada um de nós? O comunicador é aquele que dá a razão dentro da emoção, a noção de pertencimento a um mundo corporativo construído sob a premissa de organogramas e linhas de montagem desmembradas do todo.

O valor do negócio está no entendimento de cada empregado sobre sua parte no sistema, não como a arcaica visão de engrenagem mecanicista e excludente, mas de sistema, em que é possível não somente fazer parte, como também interferir na gestão do todo.

Assim, empresário ou gestor de uma empresa, saiba que, ao contratar o serviço ou profissional de comunicação, você está comprando não somente um banner bonito ou um site esteticamente perfeito, mas um agente que constrói sentidos e é isto que deve ser levado em conta e cobrado de cada um de nós comunicadores na hora de prestar este serviço.

Originalmente publicado em Revista Lettering.


Aislan Greca trabalha na PETROBRAS desde 2006, com responsabilidade social e relacionamento comunitário na Refinaria Henrique Lage (São José dos Campos - SP). Relações Públicas pela UEL, pós-graduado em Marketing e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté.