Por Pollyanna Melo com assessoria - www.administradores.com.br
A atuação de líderes envolvidos com suas equipes e uma comunicação interna bem elaborada e frequente são cruciais para a construção e manutenção da reputação das empresas. A avaliação é de Ana Luisa de Castro Almeida, diretora do Reputation Institute no Brasil, mestre em comunicação e doutora em Administração.
Ela observa que as companhias estão investindo muito em marketing, comunicação externa e relações com imprensa e, cometem o erro de deixar de lado a interação mais efetiva e transparente com os funcionários.
“Não adianta a empresa trabalhar com uma comunicação com os públicos estratégicos e esquecer de ter uma comunicação interna eficaz. Não se pode correr o risco de perder a confiança dos empregados e de não realizar os objetivos”, disse Ana Luisa que participou nesta quarta-feira (15/04) do Encontro de Comitês de Assuntos Corporativos e Gestão de Pessoas da Amcham-São Paulo. De acordo com ela, a colaboração dos funcionários e o teor de informações a que eles têm acesso influencia diretamente na imagem saudável da companhia. Neste sentido, o papel do departamento de Recursos Humanos também é de extrema importância.
A professora explica que reputação é grau de estima, admiração, respeito e confiança que os diversos públicos de relacionamento têm para com a empresa. Ela pode ser percebida pelos stakeholders a partir de diferentes aspectos que vão desde produtos e serviços, desempenho financeiro, cidadania, ambiente de trabalho, governança e liderança.
A vulnerabilidade das empresas aumentou muito nos últimos anos por conta da crescente fiscalização dos consumidores, agências reguladoras e da exposição causada por avanços da tecnologia e redes de relacionamento. Neste cenário, zelar pela reputação tornou-se fundamental para a sobrevivência dos negócios.
Dentre os benefícios de uma boa reputação, a especialista ressalta a redução de custos de capital, interesse de investidores, atração e retenção de talentos e apoio favorável do público e da imprensa. “As que se preocupam com esta questão consequem sair mais rapidamente das crises”, acrescentou.
No caso do Brasil, a diretora do Reputation Institute enfatizou que a atenção tem que ser redobrada. Ela citou uma pesquisa da Edelman Trust Barometer de 2009 que mostra que 69% dos brasileiros acreditam mais nas empresas do que em outras instituições – como governo, mídia e ONGs. De 2008 para este ano, a confiança nas companhias aumentou 8 pontos percentuais. “Países de terceiro mundo acreditam muito nas corporações e na mídia, em contrapartida, a confiança no governo é baixa, em nosso país o índice é de apenas 22%”, explicou.
Google
A Google, considerada uma das marcas mais valiosas do mundo, vê a reputação como consequência de uma atuação bem estruturada com todas as áreas integradas e um ambiente de trabalho descontraído e aberto à participação dos colaboradores.
“A Google não se preocupa em transmitir ou criar uma imagem, mas se interessa em fazer um trabalho correto até porque nossos fundadores vêm da área científica-acadêmica, não tem o veio corporativo”, destacou Deli Matsuo, diretor de Recursos Humanos da Google para a América Latina.
Matsuo comentou que a companhia ainda não descobriu uma forma de ampliar o retorno financeiro da rede de relacionamento Orkut no Brasil e ainda assim continua investindo bastante nos servidores, na manutenção e na constante inovação. “O foco é pensar primeiro nas necessidades do cliente e o dinheiro virá como consequência.”
Vida longa
As empresas que se preocupam em gerenciar suas reputações tendem a garantir maior longevidade dos seus negócios, de acordo com Ciro Dias Reis, diretor da Associação Brasileira de Comunicação (Abracom). Segundo ele, são companhias que preservam o seu DNA - visão, missão e valores -, cumprindo bem suas atividades rotineiras, mas também sabendo inovar.
“Como exemplo de sucesso, o caso de uma empresa prestadora de serviços que mantém boa capacidade de atendimento, de se conectar com seus públicos, e que ao mesmo tempo, consegue dar um salto de qualidade, prevendo mudanças”, comentou.
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