A importância do trabalho voluntário



*Por Marcus Rotta

Em função do crescimento das desigualdades sociais e de novos conceitos de responsabilidade social corporativa e individual, o trabalho voluntário vem crescendo de forma considerável no Brasil. Em 2002, o País já contava com aproximadamente 42 milhões de voluntários, de acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, estima-se que este número tenha triplicado.

Por incentivo das próprias companhias e por conscientização e informação da população, o trabalho voluntário ganha força e é um modelo a ser seguido em diversas regiões do mundo, principalmente, as atividades realizadas em Organizações Não Governamentais (ONGs), que não recebem ajuda financeira do governo e precisam constantemente do apoio e colaboração da sociedade.

Ainda hoje, muitas pessoas desconhecem as atividades desenvolvidas por um voluntário e os motivos para tornar-se um deles. Ser voluntário é ter o desejo de aplicar seus conhecimentos e habilidades especiais; participar de atividades que são importantes para a comunidade; ter um grande desejo de ajudar os outros; obter reconhecimento; sentir-se útil e necessário; ter interesse em aprender novas habilidades e participar de atividades agradáveis; corresponder à ajuda recebida anteriormente; aproveitar o tempo livre; diminuir a solidão e sentir que a própria vida tem um objetivo, um significado e alguma importância.

Para as ONGS é muito importante ter voluntários, pois eles fortalecem a gestão das atividades, agregando conhecimentos técnicos de profissionais onerosos, que estas entidades não podem assumir como funcionários. Qualquer ajuda sempre é bem vinda, seja para área de educação, saúde ou qualquer outra.

Apesar de não fazerem parte do quadro de colaboradores, os voluntários têm uma regulamentação para exercerem suas atividades. A Lei 9.608/1998, denominada Lei do Serviço Voluntário, define que a pessoa não gera vínculo empregatício, pois o trabalho é realizado em entidade pública ou privada, sem fins lucrativos, com objetivos sociais. No entanto, é exigido assinatura de termo de adesão.

As atividades de cunho social, ao contrário do que pode parecer, são exercidas de forma séria e, muitas vezes, necessitam de especialização e profissionalismo, já que empresas de diversos segmentos, como hospitais, clínicas e escolas, precisam do auxílio de profissionais formados em várias áreas. Por isso, algumas instituições oferecem cursos e treinamentos aos voluntários.

Para iniciar trabalhos voluntários é necessário analisar a possibilidade de atuar em grupo, ajudar a resolver problemas, desenvolver e aplicar novas habilidades, além da ter disponibilidade. A pessoa que se comprometer a desenvolver este trabalho deve acreditar que seu esforço e comprometimento irão modificar e colaborar para o crescimento da entidade e daqueles que são atendidos pela instituição.
Apesar de o trabalho voluntário ter ampliado nos últimos anos no Brasil, a sociedade ainda precisa se mobilizar mais e desenvolver a consciência de cidadania, levantar-se por meio da multiplicação dos esforços. No entanto, é necessário divulgar ainda mais as iniciativas sociais de empresas e de pessoas físicas na própria comunidade e na Imprensa.

De acordo com a ONU, há sete anos o Brasil ocupava a quinta posição no ranking em número de voluntários. Hoje, participar de ações solidárias tem mobilizado, cada vez mais a população, que tanto se incomoda com as questões de desigualdade.

*Marcus Rotta é neurocirurgião e fundador da AACC – Associação de Apoio à Criança com Câncer – existente há 24 anos e que conta com mais de 120 voluntários atuando em todo o Brasil.

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