Em uma nota anterior tratei de um dos conflitos que envolvem o entendimento de Planejamento. Quero agora retomar este tema, questionando uma característica essencial, e que pela sua ausência coloca em cheque todo processo de planejamento e o desenvolvimento de projetos como um todo. Tratarei do Pensamento Sistêmico, que é uma forma de ver o mundo compreendendo todo sua complexidade, analisando suas interelações com a aceitação de que perguntas podem ter multiplas respostas diferentes. Ao compreender o mundo de forma sistêmica perceberemos que nossas ações são todas interligadas, conseguindo assim ter uma visão do todo, de onde queremos e deveremos chegar!
Geralmente quando se fala no assunto, o pensamento sistemico é tratado como resposabilidade de lideranças e chefias no direcionamento de equipes. Concordo que os líderes tem grande responsabilidade nisto, porém acredito que sua maior contribuição é no processo educativo que deverá ser iniciado por ele para os membros de sua equipe. Cada individuo trabalha melhor sabendo para onde vai, e é tendo o pleno conhecimento do caminho que deverá percorrer junto com seus próximos que ele terá a plena noção de seu papel no desenvolvimento de um projeto. É desta forma que o trabalho em grupo deve ser levado, com todos os participantes cientes de cada etapa do desenvolvimento de um projeto, fomentando o pensamento sistêmico entre a equipe.
Analisando o dia-a-dia de minha pequena experiência profissional (um pouco mais de 4 anos!) vejo que iniciativas e projetos são frustados, ou então tem seu potencial não explorado pela dificuldade que as pessoas envolvidas em sua execução tem em olhar as coisas como um todo, compreendendo todas as suas partes. A ausência do pensamento sistemico compromete o desenvolvimento de qualquer ação empreendida entre pessoas, pois o trabalho em grupo é em sua essência sistemico, onde cada um desempenha seu papel para criar algo maior.
O Administrador Jerônimo Mendes, em seu artigo publicado no site Adminitradores.com.br faz um questionamento muito importante para esta esta dificuldade generalizada de praticar o pensamento sistêmico:
"... Por que as pessoas têm tanta dificuldade para colocá-lo em prática? Existem inúmeras respostas para isso e aqui vão algumas: individualismo ao extremo, cultura do imediatismo, complacência, egoísmo, falta de visão, medo das mudanças, liderança ineficaz etc." - http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-que-e-pensamento-sistemico/51725/
Ressalto uma das respostas pela sua constância nas organizações atuais, a cultura do imediatismo. Esta cultura dos resultados imediatos condicionam as pessoas a fazer antes de pensar, criando os famosos "apaga incendios". Esta postura é totalmente contrária ao Pensamento Sistêmico pois fragmenta o trabalho e o conhecimento, posicionando o individuo somente no momento em que o projeto já está comprometido.
Ao posicionar esta discussão no campo da comunicação, percebe-se que a abordagem sistêmica é a ideal para o desenvolvimento de projetos na área, pois a comunicação não é um processo linear, sendo influenciada por diversas variáveis.
Destaco o papel das Relações Públicas nesta questão, pois dentro das escolas de comunicação, esta é a profissão que tem a visão mais generalista de Comunicação, trabalhando diretamente com a Comunicação Integrada focada na criação da imagem e manutenção de relacionamentos. Ao trabalhar com imagem e relacionamentos as RP´s tem de considerar sentimentos, expectativas, emoções e influências ambientais internas e externas, que podem comprometer de forma positiva e negativa seu trabalho. É por esta importancia toda que defendo que os profissionais de RP tem OBRIGAÇÃO de cultivar o pensamento sistêmico em seu dia-a-dia, pois é somente desta forma que as relações públicas acontecem.
Devemos fazer um esforço para tirar o Pensamento Sistêmico dos discursos organizacionais e colocá-lo realmente em prática.
Pensamento Sistêmico é prática, quanto mais você exercita, mais longe você consegue ver.
Links interessantes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento_sist%C3%AAmico
http://romelzanini.blogspot.com/2007/08/o-que-pensamento-sistmico_11.html
Archive for abril 2011
Porque é tão difícil desenvolver o Pensamento Sistêmico???
Comunicação empresarial estruturada?
A área de comunicação de sua empresa está atuando com estratégias realmente estruturadas? Tem buscado alinhamento com o planejamento estratégico da empresa? É com a resposta a estas duas perguntas que notamos se nossa Área de Comunicação tem contribuído no desenvolvimento das ações para alcance das metas e indicadores.
Com este posicionamento alinhado e estruturado a área de comunicação empresarial assume um grande desafio, o de consolidar os processos comunicacionais nos processos diários das áreas e departamentos, criando uma real "cultura" de comunicação dentro da empresa. Isto somente poderá ser concretizado com um amplo trabalho de informação e formação para a importância da comunicação, tornando evidente sua contribuição para o desenvolvimento das atividades de cada área e departamento. É demonstrando esta importância que o movimento de mudança poderá ser iniciado.
Vemos que na maioria das empresas a comunicação tem trabalhado somente apagando “incêndios”, não conseguindo realizar um plano de trabalho realmente estratégico. Talvez por isso que a preocupação em influenciar efetivamente nos processos organizacionais, e, consequentemente no planejamento estratégico de determinada instituição é algo que ainda não esta sendo explorado com a devida importância. Esta situação é resultante da dificuldade em INTEGRAR a tal da assessoria, área, departamento de comunicação aos processos gerenciais da organização, justamente pela falta de compreensão do profissional de comunicação na dinâmica destes processos gerenciais. É importante que a comunicação se INTEGRE com as demais áreas da organização, é importante que a comunicação escolha a melhor forma de se comunicacar com os outros departamentos e que consiga participar corretamente do planejamento estratégico da organização, pois ambos tem a ganhar com este relacionamento.
Links da semana
Siga o @Blog SerRP!!!
Assine nossos Feeds
Questão da Semana: Planejamento Vs. Criatividade
Nesta semana, um dos grandes tópicos que estão em pauta em meu dia-a-dia é a relação entre planejamento e criatividade. Quando é para tratar deste assunto, pelo menos com profissionais de comunicação, o que se vem em mente é que estamos falando de duas palavras totalmente contraditórias, mas que na realidade não é bem assim. Apelando para o dicionário, proponho uma reflexão sobre os dois termos: (adaptado do michaelis online, português de Portugal..opa!!) Planejar: 2 Ato de projetar um trabalho, serviço ou mais complexo empreendimento. 3 Determinação dos objetivos ou metas de um empreendimento, como também da coordenação de meios e recursos para atingi-los; planificação de serviços. Criar 1 Dar existência a, tirar do nada: "No princípio criou Deus o céu e a terra" (Bíblia, tradução do Padre Figueiredo). O ateu nega quem o criou do mero nada. vtd 2 Dar origem a; formar, gerar: O medo cria fantasmas. vtd 3 Imaginar, inventar, produzir, suscitar: Criar uma religião. "Deus criou as boas coisas só para os parvos?" (Camilo Castelo Branco). vtd 4 Estabelecer, fundar, instituir: Criar um colégio. Criou freguesias nas cidades que visitara. vtd 5 Começar a ter; adquirir: Criar cabelos brancos. vtd 6Fazer, formar: Criou gloriosas tradições. vtd 7 Amamentar: "E a mãe que o filho cria" (Luís de Camões). vtd 8 Alimentar, sustentar (uma criança): Com enorme sacrifício conseguiu criar os filhos. Criou-a com leite de vaca. vtd 9 Cultivar (plantas): Criava em seu jardim roseiras maravilhosas. vtd 10Educar: Criou os filhos no trabalho e na prática da virtude. vpr 11 Crescer, desenvolver-se: Esses animais criam-se bem. vpr 12 Nascer: "Nesta terra se criam perigosos, formosos olhos" (Morais). vtd13 Exercer a pecuária, como atividade econômica. Antôn (acepções 1, 2, 4, 6 e 9): destruir. Criar um papel: diz-se do ator que, pela primeira vez e de modo brilhante, desempenha um papel importante. Só pela diferença de tamanho das definições já podemos identificar algumas questões importantes. A primeira é que ao falar de criatividade, parece que estamos tratando de algo intangível e incontrolável, mas que na realidade não é bem assim. A criatividade não pode ser entendida como um dom exclusivo de Artistas, Publicitários e Designers com suas grandes "sacadas", mas sim como algo comum a todo ser humano. Na realidade somos criativos todos os dias, ao resolver problemas de nosso cotidiano. E a falta deste reconhecimento é que nos faz idealizar um cenário ideal para a Criação. A ideia clássica de que a criação só acontece em ambientes onde reina a liberdade (vide a lenda Google!!), sem nenhuma norma ou burocracias que, a meu ver, justifica o distanciamento do entendimento de planejamento e criatividade. É aí que quero chegar para exemplificar a relação entre estes dois termos. Se tirarmos todas as supervalorizações, quase místicas, do ato de criar e do papel dos criativos, entenderemos então que a criatividade é a habilidade de criar, imaginar, inventar e/ou produzir algo, e tudo que é criado ou produzido tem um objetivo, uma missão, um uso determinado. E se analisarmos o planejamento de maneira simplificada, como o processo de pensar antes de fazer, entenderemos que o planejamento na sua origem é a reflexão sobre o objetivo a ser conquistado, é a analise do melhor caminho que é preciso percorrer para se chegar ao resultado. Então se cruzarmos os dois termos temos que a criatividade tem em sua essência o planejamento, pois a reflexão sobre as possibilidades de execução e produção de uma criação é uma atividade de planejamento. O planejamento trabalha para criar o ambiente ideal para a criação, e sem ele teremos um espaço onde reina a improviso.
Ninguém faz comunicação sozinho!!
As organizações não estão preparadas para a comunicação deste século, e creio que nem eu!!
Com um posicionamento engessado de que os discursos organizacionais só serão “oficiais” se forem proferidos pelas pessoas ou departamentos indicados pela direção, tiramos todo o papel estratégico que tem o boca-a-boca, a comunicação “não-oficial”, mas que muitas vezes tem maior credibilidade e poder de influência do que um discurso oficial escrito em um boletim interno.
Redes de influência – públicos em rede
Se compactuarmos com este posicionamento, deixamos de considerar o potencial de influência que nossos públicos exercem em outras esferas e/ou agrupamentos (familiares, amigos, etc), o que nos leva a subestimar a abrangência da mensagem. Ao considerar a comunicação inserida em redes de relacionamento, entenderemos que os resultados destas mensagens correm em ondas, variando em intensidade e sentido, passando de um segmento de público para outro. É com esta visão sistêmica dos fluxos de influência que entenderemos toda a abrangência dos relacionamentos de uma organização, evitando subestimar o potencial dos relacionamentos organizacionais.
Este erro crasso pode encontrar explicação na visão paternalista que temos de incumbir as tarefas e/ou ferramentas, em nosso caso a comunicação, somente à especialistas. Porém, estamos falando de um processo social, algo que é inerente ao ser humano, a capacidade de comunicar e a necessidade de transmitir ideias e impressões sobre tudo aquilo que vivemos. As pessoas tem necessidade de comunicar, e invariavelmente isto acontecerá, querendo ou não a direção de uma empresa. No entanto, fica aí o papel mais importante do comunicador, que é aquele que possibilita o diálogo. Gerar ferramentas, criar canais de comunicação adequados aos públicos, possibilitar uma comunicação natural e igualitária é o dever e o grande desafio dos novos comunicadores. Nesta missão complexa, temos que ponderar sobre o papel do mediador de diálogo, buscando uma atitude que seja equilibrada; firme para responder às crises mas também natural para que o fluxo de comunicação se mantenha contínuo e verossímil às características, linguagens e crenças daqueles que comunicam.
É uma grande ingenuidade achar que seus "colaboradores" falam de sua organização somente em reuniões internas. Ao invés de criar impeditivos para estes colaboradores, as organizações deverão é fomentar que eles falem mais, digam o que estão pensando, o que estão sentindo. É desta forma que poderemos visualizar os resultados dos relacionamentos de nossos funcionários, fornecedores e outros grupos que em sua maioria são deixados de lado nas estratégias de comunicação. Por isso questiono a postura do comunicador, aquele que acha que seu dever é “editar” e controlar todas as mensagens da organização em pról da manutenção de um "direcionamento estratégico". Acredito em criação colaborativa, mesmo para o discurso “oficial” da instituição, isto dará um caráter muito mais verdadeiro e natural às mensagens da organização.
Se a comunicação é um processo social, como é que podemos deixar de aplicar este raciocínio também para a comunicação organizacional?
Caso Paulo Vilhena X CQC: mais um caso “Faltou media training ou faltou ao media training”
Comunicação interna entre medição de processos e resultados: qual seu estágio?
Links da Semana
Assine nossos Feeds
Vídeo em Stop Motion mostra a evolução dos meios de comunicação
Siga o @BlogSer.RP
Dica de Livro: Eventos – Estratégias de planejamento e execução
Medição de resultados começa no planejamento da ação e está sob impacto de mudanças sociais
Notícias que irritam um assessor de imprensa
Garrafa que Brilha à Luz Negra: inovação da Heineken
Ranking dos Sites de Referência do Blog Ser.RP