Um
dos maiores desafios dos profissionais da área de Comunicação é, na
minha modesta opinião, lidar com os “palpiteiros”. Eu costumo brincar
que ninguém se atreve a questionar os cálculos de um engenheiro, mas de
Comunicação todo mundo jura que entende.
Não
sei se por ser uma área muito dinâmica e visada, ou simplesmente por
puro desconhecimento mesmo, mas as pessoas em geral costumam não
respeitar o trabalho dos comunicólogos – e sofrem desse drama
jornalistas, publicitários, relações públicas, etc.
Essa
falta de respeito à qual me refiro fica demonstrada em inúmeras
situações. Seja quando querem nos ensinar a fazer nosso trabalho, ou
quando despejam críticas infundadas sobre algo que desconhecem, os
palpiteiros seguem quase sempre o mesmo pressuposto: de que Comunicação é
coisa simples, fácil, que pode ser feita por qualquer um.
O
problema é tão sério que até mesmo o nosso “sapientíssimo” Supremo
Tribunal Federal, tempos atrás, derrubou a obrigatoriedade do diploma
para se exercer a profissão de jornalista (problema que estamos tentando
sanar agora, com a PEC dos Jornalistas). Ou seja, como se não bastasse
todo esse senso comum de que nosso trabalho não é sério, ainda se tem a
absurda concepção de que não há ciência, técnicas, estudos ou métodos
por trás da Comunicação. Ou seja, somos sempre o “primo pobre” das
profissões.
A
situação é ainda mais complicada quando se exerce a Comunicação dentro
de uma empresa ou instituição. Frequentemente, as ordens que vêm de cima
(direção) para baixo não prezam pela qualidade da informação, ou sequer
pelo bom senso – têm única e exclusivamente a intenção de satisfazer o
ego de quem tem o poder. E aí, muitas vezes, o comunicólogo, por mais
que tente se fazer ouvido ou aplicar seu profissionalismo, acaba tendo
que simplesmente cumprir ordens, por uma mera questão de hierarquia.
Nessa hora, o conflito entre a qualidade do trabalho e as vontades do
chefe costuma ser gritante.
E
essa constante aniquilação do conhecimento e da experiência dos
profissionais, aliada à insistência dos palpiteiros em querer “ensinar o
padre a rezar a missa” dificulta ainda mais a conquista de direitos
para as várias categorias de comunicólogos, atrasa a regulamentação das
profissões e colabora para uma massa cada vez menos capacitada de
trabalhadores – afinal, por que contratar um profissional de
Comunicação, se qualquer um pode fazer o que ele faz, e bem mais barato,
não é mesmo?
Com
o perdão das ironias, acho que é hora – ou melhor, já passou da hora –
de nós, profissionais, nos valorizarmos e nos impormos mais, pois só
assim conseguiremos, quem sabe um dia, obter o respeito das demais
categorias e da sociedade como um todo.
*Por Mayara Godoy
Jornalista da UNILA
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