Tenho refletido estes últimos meses sobre um tópico inquieto e de pouca objetividade: mudanças.
Sabe
estas mudanças que estamos passando, sim, estas mesmas, estas que nos
deixam tão inquietos e ao mesmo tempo tão perdidos que não sabemos nem
para que lado vamos. Por estarmos bem no meio dela, não conseguimos nem
identificar o tamanho desta mudança! Esta dificuldade em entender o
mundo hoje, coloca em cheque tudo o que achávamos que era certo.
E,
se tem alguma coisa em que sou bom é na dúvida, duvido de tudo,
questiono tudo, até as minhas certezas. A minha certeza é a própria
dúvida!
Com
base nesse(a) (zona) pensamento tenho trabalhado em um mini-curso como
meu tcc da pós sobre este novo mundo que nasce do velho. Versando sobre
mudanças. Não tento falar sobre certo e errado, direita ou esquerda, mas
sim em ressaltar acontecimentos que despertaram meu interesse e que me
ajudam a criar uma linha de raciocínio sobre o que está acontecendo.
Quero com ele é que vocês me ajudem a construir algo novo, maior,
complexo, com a somatória de vários pontos de vista, para que assim eu
consiga entender melhor o que acontece neste mundo velho!
Mas
o que queria falar era outra coisa. Inserido neste contexto de
questionamentos, mudanças, revoltas e outras coisas, está um papo que
tive com o Robson (editor do SerRP) sobre como somos ensinados na
faculdade a concordar! Sim, concordar. Vejo isto em lembranças de frases
que sempre lemos e ouvimos: Temos que alinhar o discurso da organização
com seus funcionários! Precisamos identificar o que os funcionários
querem para melhorar o clima organizacional e ser uma das 10 melhores
empresas para se trabalhar. Necessitamos criar canais de diálogos com os
funcionários.
Vejam
bem, analisando friamente estes discursos temos o lado “dominante”
ditando comportamentos para o lado “dominado”, buscando sempre a
concordância quase que unilateral, pois na maioria das vezes somente o
lado dos funcionários é que tem de mudar de opinião! E como resultado
disto vemos muita mudança para o lado dos funcionários e pouca mudança
para o lado da alta cúpula. Não critico minha formação por isso, até
porque aprendemos que devemos possibilitar o diálogo real entre estes
públicos, mas na prática este diálogo ainda é muito lateralizado. Isto
mostra outro detalhe interessante, nossa profissão sempre esteve anos à
frente, indicando caminhos que só agora começamos a trilhar!
Apesar
disso, o que vejo nos discursos dos RP’s recém formados, talvez por uma
convenção qualquer, é a completa necessidade de concordar com a chefia,
com a situação atual, com o intuito de dobrar a “massa” com o discurso
organizacional recheado de interesses unilaterais. Ou seja, o RP tem de
obedecer e ensinar a obedecer, o contrário do que fomos ensinados. Qual o
problema disto? Até pouco tempo atrás nenhum, mas agora as coisas estão
diferentes. Acredito que estamos no momento da DISCORDÂNCIA, sim, isso
mesmo, temos de discordar, desobedecer, desalinhar, descentralizar, para
criar algo realmente novo. Claro que defendo fortemente que podemos
realizar isto tudo de forma civilizada e sempre com foco em benefício
mútuo, pois ao discordar e propor novos direcionamentos criamos o
ambiente necessário para que a mudança aconteça de forma equilibrada,
sem privilegiar nenhum lado.
Mas
porquê ainda chocamos quando pensamos em desobedecer? Acontece que
estamos só no começo da mudança, e ainda pensamos com os paradigmas
antigos. As tais gerações X e Y, aquelas que irão mudar estas verdades,
estão começando a ganhar experiência necessária para conquistar os
cargos de chefia e de direção. As pessoas que nasceram nestes períodos
são geralmente consideradas como inconstantes, mutáveis e sem
direcionamento, porém são elas que estão redirecionando o mundo e
redesenhando as relações sociais. Mas, antes que isto se estabeleça,
teremos ainda mais conflitos entre as gerações potencializados por suas
diferenças de valores e velocidades de adaptação, onde os protagonistas
na maioria das vezes são materializados na figura do novo funcionário
rebelde que quer propor mudanças e o chefe dono da verdade.
Ressalto
que nós, RP’s, não deveremos entender esta discordância como um ato de
desobediência gratuita, pois quem mais se beneficiará desta mudança é a
própria instituição. Deveremos sim é propiciar a abertura necessária
para a participação de todos criando o ambiente para as novas ideias
que são fruto da colaboração. Esta última acredito ser a grande palavra
chave destes novos tempos. Temos de pensar que esta palavra tem um peso
muito grande, ela não é só feita de projetos bonitinhos do Youtube, ou
clipes ou filmes feitos com videozinhos de usuários do Facebook, mas tem
um potencial muito grande para alterar todo o modo em que lidamos com o
mundo! Esta necessidade das gerações X e Y de mudar de emprego todas as
vezes que cansam do desafio, ou o ímpeto de querer mudar as coisas
revelam que os jovens estão buscando um novo ambiente, mas que ainda não
foi encontrado. Talvez um ambiente em que a colaboração tome realmente a
força que tem, para mudar o sistema, incluindo a cabeça dominante de
determinado negócio.
Para
fechar deixo com vocês uma apresentação do Prof. Augusto de Franco, um cara que
tenho acompanhado de perto por suas provocações muito interessantes sobre
este novo mundo que nasce do velho!!
Desobedeça!
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