Mostrando postagens com marcador Entrevista. Mostrar todas as postagens

Confira a segunda parte da entrevista com Gilceana Galerani, autora do livro Avaliação em Comunicação Organizacional.

1 Comment »

Gilceana Galerani


Na segunda parte da entrevista, Gilceana Galerani, assessora da Diretoria-Executiva da Embrapa (Brasília,DF), bate um papo sobre a importância da avaliação no planejamento, sobre comunicação digital, crises, responsabilidade e planos futuros.



1- @BlogSerRP Qual o ‘peso’ que a avaliação tem no planejamento da comunicação? De que forma a avaliação das ações realizadas pode melhorar o conceito da área de comunicação dentro da organização?

@Gilceana Avaliação, de uma forma geral, tem peso importante porque é a única forma de apontar a eficiência do plano de trabalho e indicar com segurança se um projeto deve ser interrompido, repensado, paralisado, continuado e se deve receber menos ou mais investimento.

Já para a comunicação, é importante ter a consciência da dificuldade de isolar um resultado como único e exclusivo de uma equipe de comunicadores. Até pela necessidade de se trabalhar em parceria, os resultados de um projeto normalmente se devem a um esforço de muitos, inclusive dos próprios gestores. Mas quando o forte de um trabalho está na comunicação e a esta equipe foi delegada a arte de planejá-lo, então os ônus e bônus de seu resultado poderão influenciar na imagem da área.

Se avaliamos a qualidade do relacionamento entre a organização e seus empregados, por exemplo, é possível que as ações de RH tenham forte influência nos resultados. Mas podemos, num questionário de avaliação de relacionamento, incluir perguntas ou tópicos específicos sobre comunicação. E teremos então mais segurança ao apresentar nossa participação num determinado ganho ou efeito.

Por experiência própria e com base em outros casos já relatados, os resultados demonstrados por meio de pesquisas bem feitas tendem a ter credibilidade junto à alta administração. Certamente por isso, ajudam na formação de um conceito para a área.

2- @BlogSerRP Como fica a questão da avaliação em relação ao mundo digital? Quais as diferenças entre as formas de avaliação das campanhas de comunicação off e o on-line?

@Gilceana Não estudei a avaliação no mundo digital e, apesar de ter lido alguns textos que são sugeridos por profissionais da área, gostaria de comentar pouco sobre o assunto. A princípio, entendo que é possível avaliar os mesmos 5 itens apontados na questão nº 10. Mas percebo pelos poucos textos lidos que tem havido forte preocupação com o desempenho numérico (seguidores, alcance etc.), dessas mídias em detrimento do desempenho como meio de reforçar os relacionamentos. Mas têm surgido vários estudos, inclusive em strictu sensu.

3- @BlogSerRP O Relações Públicas tem um papel importante na gestão de crises. As empresas estão preparadas para enfrentá-las? E os RPs, estão capacitados?

@Gilceana Seria leviano afirmar uma coisa ou outra, pois não tenho dados para sustentar. Sei de empresas que têm comitês de crise e até treinamento periódico sobre o tema. Mas também conheço empresas grandes que ainda não se preocupam com isso, estão seguras de sua situação. Acho um erro esse último caso. Ao menos se deve ter um mapeamento dos temas sensíveis e um mínimo preparo das fontes. Da mesma forma, os RPs podem buscar capacitação e não esperar que ela venha da empresa ou da academia. Ter esse preparo e apresentar uma proposta clara e objetiva para a empresa pode ser um diferencial interessante na carreira.

4- @BlogSerRP - Muitas empresas e até mesmo personalidades já se viram em crises iniciadas no mundo virtual e que acabaram desgastando a imagem delas. Muitas vezes a saída encontrada por elas é por vias judiciais e, ao contrário do que queriam, geraram mais barulho. Como deve ser o planejamento para gerenciar estes tipos de crises e como medir os resultados alcançados?

@Gilceana Não vejo grandes diferenças entre crises iniciadas no mundo virtual ou no mundo real. Talvez a velocidade da exposição seja maior no virtual, mas o tratamento das consequências deve ser o mesmo: mapeamento da situação, definição de papéis, ações iniciais rápidas, transparência, monitoramento constante, agilidade nas decisões. Ao fim de uma crise, os resultados que interessam são medidos dia após dia, seja no acompanhamento de notícias na imprensa, no nível de normalidade das vendas e na natureza e qualidade dos relacionamentos com clientes e demais públicos.

5- @BlogSerRP Em relação ao tema da responsabilidade sócio-ambiental das empresas, elas têm cumprido com o dever de casa, ou o discurso ainda está longe da prática?

@Gilceana Tenho visto muitas críticas a algumas empresas que se dizem socialmente responsáveis. Usam o título como estratégia de marketing, mas suas ações pouco ou nenhum impacto positivo têm sobre a sustentabilidade. Outras têm ações de impacto, mas pecam, por exemplo, na forma de tratamento aos seus funcionários. De qualquer forma, creio que estamos num período de mudanças e no contexto geral da história esse ainda é um período curto. As empresas, assim como os cidadãos, estão exercitando práticas socialmente responsáveis nunca antes exigidas. Natural que haja um tempo para adaptação, e talvez atuação mais firme e presente de órgãos reguladores na concessão de certificação às empresas que realmente merecem ser reconhecidas como socialmente responsáveis.

6- @BlogSerRP O Brasil é a bola da vez? Como a área da comunicação pode se aproveitar desse crescimento econômico brasileiro?

@Gilceana Se é a bola da vez não sabemos certamente, mas o fato é que os investidores estrangeiros estão de olho no País. Têm surgido diversas iniciativas favoráveis ao Brasil, como na área dos esportes, das artes (especialmente cinema), da moda, do turismo e da hotelaria, só para citar alguns. A comunicação, creio eu, já tem sua cota de responsabilidade nesse sucesso, pois muitos esforços de comunicação e marketing ocorreram para mostrar essa pujança do país. Agora, é se antecipar às necessidades, monitorando o mercado e oferecendo a ele boas propostas e inovações. Para isso, é preciso estar ligado, bem informado e, especialmente, cultivar relações que auxiliem a ter chances nesse mercado competitivo. A rede de relacionamentos nunca foi tão importante quanto agora.

7- @BlogSerRP Quais são os próximos passos da Gilceana?

@Gilceana Estava coordenando a comunicação interna da Embrapa e me preparando para o doutorado quando, há cerca de dois meses, fui convidada para novas funções na Empresa onde trabalho. Aceitei assumir uma das assessorias da Diretoria-Executiva da Embrapa, em Brasília. Como resultado, após 20 anos atuando diretamente com comunicação, estou agora nessa área mais abrangente, que exige fortíssima dedicação, articulação e capacidade de análise. Sei que todos os estudos e oportunidades de comunicação e relações públicas que vivenciei serão fundamentais para executar um bom trabalho nessa nova função. Um dos principais desafios, por exemplo, é auxiliar na melhoria da comunicação com os gestores da Empresa, que possui 47 unidades espalhadas por esse Brasil. O estudo da comunicação administrativa tem sido constante.

Mas as funções de assessoria não estão restritas à comunicação, pelo contrário. Devo assessorar em todos os assuntos demandados pela Diretoria e atuar bastante próxima dos departamentos de finanças, suprimentos, manutenção e gestão de pessoas. A experiência é maravilhosa, pois exercito outras leituras do ambiente e me vejo obrigada a aprender novas linguagens e comportamentos. Isso é muito rico e estimulante e entendo que virá contribuir bastante para minha vida profissional e pessoal.


Clique no link abaixo e confira a primeira parte da entrevista:

Entrevista com Gilceana Galerani, Relações Públicas e Mestre em Ciências da Comunicação

Entrevista com a Relações Públicas Carolina Frazon Terra

Siga o @BlogSerRP!


Entrevista com Gilceana Galerani, Relações Públicas e Mestre em Ciências da Comunicação

6 Comments »

Neste post, confira a primeira parte da entrevista que o @BlogSerRP fez com a Relações Públicas Gilceana Galerani.


Formada pela Universidade Estadual de Londrina, a profissional de comunicação possui especialização em Marketing e Propaganda, pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), e mestrado em Ciências da Comunicação, pela Universidade de São Paulo (ECA-USP).


Atualmente, é assessora da Diretoria-Executiva da Embrapa (Brasília,DF), onde já atuou como Gerente de Comunicação da Embrapa Soja (Londrina,PR) entre 2003 e 2008, e Coordenadora de Comunicação Interna da Embrapa (Brasília,DF) entre 2008 e 2011.



É autora do livro Avaliação em Comunicação Organizacional.


1- @BlogSerRP - O que é ser Relações Públicas?


@Gilceana Sob uma perspectiva global, é auxiliar proativamente na administração de uma série de relacionamentos que a Empresa desenvolve, utilizando-se de estratégias de comunicação e de gerenciamento de conflitos. Sob perspectiva pontual, ser RP é criar canais de mão dupla, estimular conversações, saber ouvir, oferecer informações sob vários ângulos, incentivar participação crítica, influenciar quem tem o comando das situações... É planejar e avaliar projetos e campanhas que auxiliem no cumprimento da missão das empresas, facilitando alianças, dando credibilidade à marca, engajando empregados aos valores, à missão e à visão institucional. É fazer pesquisa, atuar sem achismos e sim com fundamento nas opiniões e expectativas de seus públicos, manifestadas de forma responsável. É desenvolver redes e conhecimentos, compartilhar experiências, com o propósito de tornar comuns as informações que podem ajudar na tomada de decisão e na formação de uma opinião crítica e construtiva. É agir com olhos num contexto amplo, procurando prevenir e não apenas remediar. Por fim, ser RP é também cuidar dos detalhes, pensar no que vai fazer a diferença e impressionar seu público, pensando e executando com a agilidade e a competência que o momento atual exige.



2- @BlogSerRP - Qual a dica (ou dicas) mais importante para quem quer seguir a carreira de Relações Públicas? E, para quem já está no mercado de trabalho?


@Gilceana Uma das dicas pode ser: obtenha sempre mais conhecimento. Saiba os melhores casos, leia mais livros, conheça os grandes nomes da área e seus feitos, veja opiniões contra e a favor de uma causa, converse com quem tem experiência, conheça e respeite a história das pessoas, das empresas, do País. Dia desses, em uma palestra para alunos de RP, falei de Vera Giangrande e ninguém sabia quem era. Isso é inadmissível para um aluno ou um profissional de RP. O saber não importa pelo saber, mas pelas experiências, estímulos, ideias, exemplos e motivação que despertam. Quem tem RP por carreira, até por ser um profissional de comunicação, deve conhecer e disseminar o máximo possível o que acontece em seu campo de atuação. A busca pelo conhecimento abrange também o interesse pelas atualidades e pelos costumes, que se conhece pelos jornais, revistas, portais, etc. São necessários para aprender e ter repertório, argumento, assunto e vocabulário admiráveis, que possibilitem participar bem de reuniões, debates, contatos com a Direção de uma empresa, autoridades e pessoas que ajudam no alavancar da carreira e no desenvolvimento enquanto ser humano.


Outra dica se refere ao posicionamento enquanto profissional. Temos responsabilidade com nossos públicos, somos seus representantes e quando fazemos juramento na formatura, comprometemo-nos com isso! Temos, por obrigação, que nos manifestar sobre os temas mais recorrentes, especialmente os que afetam nossa profissão e a vida dos públicos com os quais trabalhamos. Precisamos procurar informações e apresentar versões de um fato e, quando possível, lutarmos pelo que acreditamos ser mais coerente, justo, eficiente, mesmo que isso nos custe alguns dissabores. A função de assessoramento nos permite exercitar essa atividade – por meio dela recomendamos, sugerimos, aconselhamos as lideranças e os gestores. Apenas não podemos ser levianos e trabalhar com achismos. Nossas opiniões profissionais precisam estar embasadas em informação, conhecimento e bom senso.



3- @BlogSerRP - O que se espera de um recém formado em Relações Públicas? E de um profissional do mercado?

@Gilceana De um recém formado: disposição para trabalhar e aprender muito; humildade; disciplina; conhecimentos gerais sobre a área e sobre o mundo, além de um português perfeito que permita conversar em qualquer fórum e colocar boas ideias no papel de forma que todos entendam e admirem, mesmo que não aprovem!


De um profissional do mercado: boas experiências no planejamento e na execução de atividades que contribuam para o objetivo fim da organização, e não apenas com os objetivos-meio da comunicação. Pensamento holístico que demonstre preocupação com o contexto e com a participação e o envolvimento das pessoas em qualquer processo. Foco em resultados e disposição para agir rápido e trabalhar muito. Disciplina, ética e humildade são sempre fundamentais.



4- @BlogSerRP - Quais as funções desempenhadas pelos RP’s na Embrapa? E como é o relacionamento destes profissionais com as outras áreas?


@Gilceana Na Embrapa existem mais de 60 profissionais de relações públicas e eles estão atuando nas 47 unidades que a Empresa tem pelo Brasil. A realidade da atuação de cada um é bastante diferenciada e não permite generalizar. Temos RPs que atuam como assessores, outros que apenas organizam eventos e cerimoniais, outros que atuam apenas com a comunicação interna e também aqueles (muitos!) que fazem de tudo um pouco, inclusive sendo gerentes de uma equipe de comunicação.


O relacionamento dos profissionais com outras áreas é desafiador. A Embrapa é uma empresa de ciência e tecnologia e, como tal, possui muitos cientistas e também profissionais de diversas áreas, a maioria com forte estilo cartesiano e muita prudência, características próprias de quem lida com pesquisa científica. Sabemos que comunicadores fazem parte de uma outra tribo, mas na maioria dos casos o relacionamento é frutífero, calcado principalmente no tratamento que nós, comunicadores, precisamos dar aos resultados científicos, tornando-os “palatáveis” e mostrando aos públicos o quanto a ciência é imprescindível.


Entre jornalistas, RPs e publicitários o trabalho é integrado na maioria das Unidades, até porque as equipes são pequenas no local e todos procuram se ajudar. Em Brasília, na Sede da Empresa, já é um pouco diferente. Há uma forte distinção entre o trabalho de RPs, jornalistas e publicitários, e essa diferenciação torna a integração um desafio, mas não tem havido prejuízo visível aos resultados.



5- @BlogSerRP - Há um estigma de que a profissão não é valorizada. Qual é a sua análise do mercado de comunicação em relação às Relações Públicas?


@Gilceana A profissão de RP, se bem praticada, é sim valorizada e recomendada. Realmente, RP não está entre as profissões mais conhecidas e demandadas do mercado, mas temos que pensar sobre o que isso significa. Como para qualquer outra profissão, há situações positivas e negativas que influenciam a inserção no mercado. Infelizmente, o curso de Administração não tem uma disciplina para ensinar comunicação nem RP e entendo que isso prejudique a compreensão do quanto a profissão é necessária às empresas e aos que tomam decisões na empresa. Temos entre os profissionais alguns desafios, como necessidade de melhorar o ensino, estudar e compartilhar mais, buscar experiências, auxiliar os estudantes da área, procurar boas práticas e divulgá-las, etc. Isso pode ajudar, mas não devemos ter a ilusão de que alguém fará coisas por nós. Temos que trabalhar duro e nos aperfeiçoarmos sempre, tentando ganhar espaço por meio de bons exemplos e resultados da prática. Podemos também ressaltar as melhores práticas, divulgando-as por meio das mídias digitais e mesmo durante eventos em que participamos. Acredito ainda que é mostrando exemplos que temos maior chance de ensinar, aprender, valorizar e divulgar.



6- @BlogSerRP – Como produtora de conhecimento, a Embrapa tem uma ‘obrigação’ muito grande de disseminar a informação. De que forma essa missão está inserida no planejamento de comunicação e quais os principais veículos utilizados? Entre esses veículos, quais são os mais efetivos?


@Gilceana A Embrapa tem uma Política de Comunicação que já se tornou um clássico na área.


Essa Política guia as ações dos seus profissionais e agora, em 2011, ela está sendo revisada, atualizada. A atual Política se fundamenta em dois âmbitos: o institucional e o mercadológico. É neste último que se dá o compromisso do apoio à transferência de tecnologia, quer dizer, a ajuda que o comunicador pode dar para que os resultados da pesquisa agropecuária cheguem mais rápido ao usuário. Mas esse trabalho no âmbito mercadológico é complexo, pois a Embrapa nada faz sozinha, ela trabalha sempre com outras instituições de pesquisa, organizações estaduais, empresas privadas etc. Então, não basta colocar matérias nos veículos de comunicação. O trabalho principal é atuar com os vários atores, especialmente os parceiros da pesquisa e a assistência técnica, esta última a grande responsável por levar a tecnologia ao produtor rural.


Nas Unidades por todo o Brasil, a Embrapa realiza dias de campo, eventos de treinamento, participação em feiras e exposições, visitas e outras iniciativas com seus parceiros e dirigidas à assistência técnica, sempre com participação dos comunicadores, seja no planejamento, na organização, na divulgação ou nas articulações. Em Brasília, com apoio de comunicadores das 47 Unidades, a Embrapa produz o Dia de Campo na TV, programa veiculado em diversas emissoras associadas, e também o Prosa Rural, um programa de rádio que, além de falar de tecnologias, valoriza a cultura regional e destaca as iniciativas das comunidades rurais. Editamos anualmente um Balanço Social que mostra que a cada real aplicado na Embrapa retornam R$9,35 para a sociedade. Além desses veículos e diversas publicações institucionais, a maioria das Unidades também produz informativos específicos sobre os produtos de suas pesquisas.



7- @BlogSerRP - Com o advento de novos meios de comunicação em decorrência da evolução tecnológica, qual deve ser a nova postura do profissional de Relações Públicas e como ele deve trabalhar a comunicação digital para criar ou manter relacionamento com os diversos públicos?


@Gilceana Podem surgir novos meios, mas a postura precisa ser pautada nos princípios de sempre: transparência, ética, respeito e garantia do diálogo, que se caracteriza por dar a voz, dar retorno, dar atenção e procurar resolver quando houver algum problema. O que talvez tenha ficado mais evidente em tempos de internet é a necessidade de ser ágil. É difícil encontrar alguém, hoje, que tenha o tempo e a paciência que muitos tinham no passado. O retorno e o compartilhamento devem ocorrer o mais imediatamente possível.



8- @BlogSerRP - Os novos estudos da área de Relações Públicas pregam a aproximação da comunicação com os profissionais de administração. Há uma necessidade cada vez maior da comunicação fazer parte do planejamento estratégico da empresa. Como trabalhar essa questão com a alta administração?


@Gilceana Antes, a comunicação precisa mostrar que pode ajudar no alcance dos objetivos e metas da empresa. Para isso, deve estar “colada” na atividade-fim, entender o vocabulário e os desafios da “caixa-preta”. Muitas empresas já sabem que a comunicação é parceira e são vários os exemplos em que o plano diretor é preparado com a farta contribuição dos comunicadores. Algumas ainda não e uma atitude em que acredito é se oferecer, preparar uma proposta objetiva e irrepreensível de trabalho, mostrando que entende do negócio e que se comprometerá efetivamente com os objetivos. É uma forma de mostrar entusiasmo, proatividade e, se a proposta for bem preparada e boa, também mostrará competência.



9- @BlogSerRP - Para você, o processo de gestão organizacional emerge da comunicação ou a comunicação é ferramental para a administração?


@Gilceana A comunicação é ferramental. É imprescindível na administração, mas é meio, não é fim e nem dela emerge um processo tão complexo quanto o de gestão organizacional.



10- @BlogSerRP – Como você define avaliação em comunicação? Quais são os fundamentos de uma boa avaliação?


@Gilceana Como descrevi no livro “Avaliação em comunicação”, é um processo educativo que deve ser iniciado na fase do planejamento, abrange o monitoramento e a indicação de melhorias. A avaliação deve estar presente desde o início, isto é, o planejamento precisa apontar a forma de monitorar e avaliar seus resultados, e não indicar avaliação apenas para o final. Também deve estar ajustada à necessidade fundamental do plano de trabalho, contribuindo para mostrar resultados em uma ou mais dessas categorias: 1) esforço despendido pela equipe de trabalho, 2) retorno financeiro sobre investimento feito (ROI), 3) nível de compreensão das mensagens pelo público, 4) mudança de comportamento do público ou 5) qualidade de relacionamento com os públicos de interesse. Por fim, é importante também que a avaliação sirva para educar quanto à melhor forma de agir e aperfeiçoar procedimentos, deixando em segundo plano o teor punitivo normalmente associado a processos de avaliação.


Entrevista com a Relações Públicas Carolina Frazon Terra

No Comments »

Hoje trazemos uma entrevista bem bacana com Carolina Frazon Terra, Relações Públicas pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP/Bauru).

Carol Terra, como é conhecida, é especialista em Gestão Estratégica de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, doutoranda e mestre em Interfaces Sociais da Comunicação, ambas pela Escola de Comunicações e Artes da USP.

Iniciou sua carreira em Bauru, atuando em empresas como FIAT e Associação Hospitalar de Bauru. Atuou por quatro anos e meio como Relações Públicas da Vivo, foi coordenadora de comunicação corporativa do MercadoLivre e atualmente, é diretora de Mídias Sociais da agência Ideal. Também é docente para os cursos de Relações Públicas e Publicidade e Propaganda da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, e da pós-graduação em Comunicação Digital, da ECA-USP. É autora do livro Blogs Corporativos (Difusão Editora) e editora do blog RPalavreando.

Boa leitura a todos!




Ser.RP - O que é ser Relações Públicas?

Carol Terra: É ser um profissional que se preocupa em desenhar, delinear, executar e avaliar ações estratégicas de comunicação para seus clientes, organizações, entidades e personalidades.

Ser.RP - Qual a dica (ou dicas) mais importante para quem quer seguir a carreira de Relações Públicas? E, para quem já está no mercado de trabalho?

Carol Terra: Para quem quer seguir a carreira, recomendo que leia muito sobre a atividade, converse com vários profissionais, visite agências, ONGs e organizações que possuem profissionais atuantes a fim de checar se aquele dia a dia faz sentido. Para quem já está no mercado, recomendo que nunca pare de se atualizar, frequente cursos, reuniões da área, debata com colegas, participe de entidades de classe e esteja animado, pois penso que estamos muito em alta.

Ser.RP - O que se espera de um recém formado em Relações Públicas? E, de um profissional do mercado?

Carol Terra: De um recém formado, esperamos ideias novas, vontade, disposição, criatividade. De um profissional formado, esperamos consistência, capacidade de análise e de planejamento, bem como jogo de cintura para lidar com situações críticas.

Ser.RP - Quais são as habilidades e perfil que a Agência Ideal procura em um profissional de comunicação?

Carol Terra: Capacidade de análise, de reflexão, de sugestão, de atualização, de desenvoltura, de comunicação, de escrita, de cultura. Enfim, há um arcabouço longo de qualidades que são esperadas de um profissional de comunicação.

Ser.RP - Hoje há mais Relações Públicas ou jornalistas trabalhando na Agência Ideal?

Carol Terra: Na agência em que eu trabalho, há uma boa proporção de ambas as formações. Arrisco-me a dizer que somos 50%, 50%.

Ser.RP - Quais as funções desempenhadas pelos RP’s na Agência?

Carol Terra: Funções de assessoria de imprensa, ou melhor, relacionamento com a mídia; organização de eventos; mídias sociais; planejamentos; relatórios; reuniões com clientes, com formadores de opinião e com a imprensa. São responsáveis pelo desenho de planos estratégicos de comunicação para os clientes.

Ser.RP - Há um estigma de que a profissão não é valorizada. Qual é a sua análise do mercado de comunicação em relação às Relações Públicas?

Carol Terra: Acredito que já estamos superando esse estigma. As organizações se deram conta de que é preciso fazer comunicação transparente, de mão dupla e de forma consistente e contínua e enxergam no profissional de RP a solução para isso.

Ser.RP - Assessor de imprensa é relações públicas ou jornalista?

Carol Terra: Não acredito em reserva de mercado, mas sim em competência. Independente da formação, quem tem competência para desenvolver a função deve exercê-la. Na agência que trabalho – Agência Ideal – temos profissionais formados em RP, Jornalismo, Publicidade, Marketing e até outras formações e todos exercem as mesmas atividades. E isso nos dá diversidade e pluralismo. Todas são igualmente válidas e têm características que as destacam.

Ser.RP - Com o advento de novos meios de comunicação em decorrência da evolução tecnológica, qual deve ser a nova postura do profissional de Relações Públicas e como ele deve trabalhar a comunicação digital para criar ou manter relacionamento com os diversos públicos?

Carol Terra: Acredito que nós, profissionais de comunicação, não podemos negligenciar as tecnologias da comunicação e da informação que tanto afetam o mundo das comunicações, a sociedade e a Opinião Pública. Devemos entender esse novo contexto, analisá-lo e adaptá-lo à realidade da organização que participamos, traçando ações, planos, métricas a fim de interagir ou não neste ambiente. Sabemos que independente da organização estar ou não lá teremos consequências para as organizações e realizar essa análise é papel do profissional de comunicação, bem como efetivamente fazer algo a respeito.

Ser.RP - Como a Agência Ideal está encarando o desafio de aliar os trabalhos já desenvolvidos - como consultoria estratégica, comunicação interna, eventos, gestão de crises, entre outros - com a comunicação digital? Quais as soluções que estão sendo apresentadas para os clientes? Como tem sido a aceitação?

Carol Terra: Pautamo-nos pela comunicação integrada e a comunicação digital faz parte desse mix comunicacional. Nosso papel é fazer o cliente entender que não adianta descolar a estratégia de comunicação digital do restante da estratégia de comunicação. É importante que andem juntas, que expressem uma comunicação one voice e que tenhamos realmente uma política e uma estratégia de comunicação para ambas.

Ser.RP – Quando você escreveu o livro Blog Corporativo, em 2008, os blogs estavam em destaque no mundo digital. Hoje, como você avalia o papel do Blog na comunicação digital? Ele perdeu importância?

Carol Terra: Acredito que os blogs tenham amadurecido de uns anos para cá, além disso, ganharam apoios de peso como os microblogs e o comportamento mais sofisticado do usuário, que aprendeu a navegar e a interagir melhor na rede. Não acho que os blogs tenham perdido importância, acredito que houve uma seleção natural. Quem era extremamente relevante, se manteve e quem começou por modismo, acabou sendo levado pela “onda”.

Ser.RP – Muitos veículos, como jornais e revistas se sentiram ameaçados pelo blog, como o Estadão, que realizou uma campanha contra os blogueiros. Até certo ponto o raciocínio era válido uma vez que muitos copiavam o conteúdo e disponibilizavam nos blogs sem citar a fonte. Com crescimento das redes sociais, passamos da era do “CTRL C, CTRL V” para a era do compartilhamento de conteúdo. Isso foi a salvação dos veículos off-line? Passou a ser um incentivo para a produção de conteúdo próprio por parte dos blogueiros?

Carol Terra: Os veículos online estão se utilizando de plataformas de mídias sociais para pulverizar seu conteúdo e na minha opinião, isso vai ajudá-los a manter a audiência. Os veículos tradicionais precisam entender que as mídias sociais não são concorrentes, mas se bem utilizadas, complementares ao negócio.

Ser.RP - Os novos estudos da área de Relações Públicas pregam a aproximação da comunicação com os profissionais de administração. Há uma necessidade cada vez maior da comunicação fazer parte do planejamento estratégico da empresa. Como trabalhar essa questão com os clientes, principalmente com a alta administração?

Carol Terra: Sempre tivemos a missão de nos relacionarmos e conseguirmos apoio da alta administração e para isso, temos que falar a linguagem deles: os números. Temos a obrigação de mensurarmos, quantificarmos e qualificarmos as ações que fazemos. Só assim nos tornaremos relevantes e fundamentais para esse público. Por que o Marketing consegue mais destaque? Porque mensura, quantifica e calcula o ROI das campanhas que realiza.

Ser.RP - Para você, o processo de gestão organizacional emerge da comunicação ou a comunicação é ferramental para a administração?

Carol Terra: A comunicação permeia toda a organização. Tudo na organização é comunicação: sua identidade, seus relacionamentos, sua forma de tratar seus públicos. Por isso acredito que gestão organizacional e comunicação estão intimamente relacionadas.

Ser.RP – O Relações Públicas tem um papel importante na gestão de crises. As empresas estão preparadas para enfrentá-las? E os profissionais, estão capacitados?

Carol Terra: As empresas só estão preparadas para crises se têm um processo de prevenção e gestão sistematizado, do contrário vão sofrer com as intempéries de um problema de imagem, reputação, legitimação. Penso que os profissionais de RP são adequados na gestão e prevenção de crises, mas sempre temos que nos aprofundar naquilo que desejamos trabalhar e essa área não é diferente. Base teórica e ferramental técnico nós ao menos deveríamos ter absorvido na universidade.

Ser.RP - Empresas e até mesmo personalidades já se viram em crises iniciadas no mundo virtual e que acabaram desgastando a imagem delas. Muitas vezes a saída encontrada é por vias judiciais e, ao contrário do que queriam, geraram mais barulho. Como deve ser o planejamento para gerenciar estes tipos de crises e como medir os resultados alcançados?

Carol Terra: Para gerir reputações e carreiras de personalidades, é preciso desenharmos um plano de ações de comunicação estratégico para elas. É fundamental que as ações sejam programadas e no caso de uma crise, a solução será mais fácil, uma vez que já haverá uma ação de comunicação em funcionamento. A via judicial é sempre mais complicada, uma vez que às vezes chama mais a atenção do que uma negociação ou acordo entre as partes.

Ser.RP – Em relação ao tema da responsabilidade sócio-ambiental das empresas, elas têm cumprido com o dever de casa, ou o discurso ainda está longe da prática?

Carol Terra: Acredito que temos empresas de fato responsáveis neste quesito e aquelas que mais alardeiam o que fazem do que efetivamente fazem, mas penso que este assunto é um caminho irreversível. As organizações não poderão se dar ao luxo de não serem ambiental ou ecologicamente responsáveis. Quem quiser sobreviver ao mercado competitivo, terá que absorver esse tipo de demanda social.

Ser.RP – O Brasil é a bola da vez? Como a área da comunicação pode se aproveitar desse crescimento econômico brasileiro?

Carol Terra: A comunicação internacional e principalmente as relações internacionais ganham muito com essa visibilidade brasileira. Teremos que nos preparar para atender às demandas crescentes de organizações, governos e outras entidades estrangeiras que desejam investir no Brasil. Creio que se abre ainda mais esse campo de atuação para o profissional de comunicação. Também teremos que ser cada vez mais globais, mais internacionalizados e isso implica uma série de investimentos nas carreiras pessoais. Se somos RPs de uma grande companhia internacional, o conhecimento de línguas será fundamental. Quem pegar essa onda, vai se dar bem.

Ser.RP – Quais são os próximos passos da Carol Terra?

Carol Terra: Terminar o doutorado e lançar mais um livro (que pretensão!). Ah, queria ter mais tempo livre também...hehehe!