O Twitter grita. E a Johnson & Johnson se machuca



Muito boa a matéria abaixo. Retirei do site Propaganda Sustentável. Lá você também pode encontrar um vídeo sobre o assunto.



Você acreditaria que é possível fazer uma das companhias mais respeitáveis e respeitadas do mundo pedir desculpas publicamente?


Você acredita que é possível fazer essa companhia, de excelente reputação, reconhecer que pisou na bola ao veicular uma campanha publicitária considerada ofensiva, estúpida e ruim pelo público-alvo e retira-la do ar em 48 horas?


Você acreditaria que o público-alvo detonou a empresa e a campanha pelo Twitter em apenas 48 horas?


Pois é. Isso aconteceu nos EUA, com a vetusta Johnson & Johnson. A famosa, respeitada e até então eticamente inquestionável empresa de cosméticos, higiene e produtos farmacêuticos foi massacrada pelas consumidoras na blogosfera em 48 horas.Tudo por conta da campanha abaixo, do analgésico Motrin. A lógica da campanha girava em torno do esforço empregado pelas mães para carregar seus bebês no colo. Ou seja, o momento de interação sublime, de conforto, envolvimento, segurança proporcionado pelo abraço constante entre mães e filhos poderia representar dor nos ombros, pescoço, costas. A campanha dizia que Motrin permitiria às mães usufruirem melhor dos momentos com os filhos.Veja o filme aqui.


Well... as mães nem quiseram saber. Começaram a espinafrar a campanha na sexta-feira à noite, 14 de novembro, porque estavam, digamos, de "saco cheio" dos anúncios. Segundo a Advertising Age (leia matéria aqui), Jessica Gotlieb, blogueira e mãe com mais de 1000 seguidores no Twitter, declarou: "Eu fui insultada. Não sou ativista, não tenho uma agenda. Mas tenho crianças". O rastilho de pólvora foi aceso. No sábado, Katia Presnal, outra mãe com mais de 4 mil seguidores no Twitter postou um vídeo no You Tube (abaixo) "Motrin Ad Makes Mom Mad". Na manhã de segunda-feira, 17 de novembro, o site de Motrin (aqui) já trazia um pedido oficial de desculpas.


Esse é poder do consumidor 2.0. Esse é o poder de quem acredita que a propaganda precisa, mais do que nunca e imediatamente e cada vez mais, obedecer aos valores e princípios sustentáveis. É imperioso basear as mensagens menos em causalidades e mais em conseqüências.


Talvez as pessoas estejam mais mal-humoradas. Talvez estejam mais reticentes. Mas o fato é que hoje elas têm como se manifestar. Jean Baudrillard, um grande polemista francês (pensador e filósofo) tinha uma teoria interessante sobre a "força da maioria silenciosa" (leiam "A Sombra das Maiorias Silenciosas: o fim do social e o êxtase do socialismo", uma antevisão da queda do Muro de Berlim anos antes de 1989) mostrando que a força representada pelo espetáculo midiático, pela força da TV anestesiava as pessoas. Bom, essa passividade acabou. Consumidores têm a força, reclamam, ridicularizam, organizam-se velozmente graças às facilidades das redes sociais e ferramentas digitais.


O caso Motrin já mostrava, na segunda-feira, 7 citações negativas entre as 10 primeiras ocorrências da palavra no Google. Idem para "headache" (dor de cabeça em inglês).


Caso clássico do analgésico que se machucou muito com uma propaganda bonitinha que de repente revelou-se um Cisne Negro, provocando um impacto imprevisível e desmedido. A tônica dos novos tempos. O caso não ilustra só a força do consumidor 2.0 e das redes sociais. Mostra também a fragilidade das estratégias e do modus operandi da linguagem publicitária nesses novos tempos.


A dor de cabeça do Motrin vai durar alguns meses. Será uma enxaqueca recorrente. Uma boa lição que veremos repetir-se muitas e muitas vezes no Brasil.Por isso pensar e praticar Propaganda Sustentável é indispensável.


Postado por Jacques Meir (propagandasustentavel@gmail.com)






This entry was posted on quinta-feira, 4 de dezembro de 2008 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.