Acolhimento é palavra de ordem em processos de fusão






O título não deixava dúvidas: “O papel da Comunicação Interna nos processos de reestruturações organizacionais, fusões e aquisições” era a tentativa de reunir num curso os impactos da reorganização cultural e do clima interno a partir de mudanças estruturais significativas. Este foi o desafio assumido pelo administrador Carlos Parente, que desenvolveu a atividade na ABERJE no dia 17 de setembro de 2009 para uma platéia de comunicadores de cinco estados.

Quando se fala em grandes processos de reestruturações organizacionais, fusões e aquisições, dois grandes pilares do DNA de uma empresa são impactados: a marca e a cultura. Com relação aos stakeholders – os públicos de relacionamento da empresa – mais do que os acionistas, os clientes, os fornecedores, o mercado e a sociedade em geral, a parte mais afetada é o público interno. Por isso, nenhuma marca nasce forte ou se modifica de forma consistente por acaso. Mais do que representar uma organização sólida, transmitir credibilidade e ser reconhecida pelos clientes e o mercado, é preciso que a marca represente os profissionais que contribuem para o crescimento e a consolidação da empresa e de suas estratégias no dia-a-dia. Por isto, Parente acredita que “a gente devia chorar mais a morte da empresa, com sofrimento externalizado. Se não, vêm os líderes negativos”.

O consultor assinala que o mundo está mudando: há tolerância zero para erro e omissões, controles muito mais rígidos, exigência de transparência e ética num processo educacional contínuo. Ele constata uma certa sensação de “narcotização da informação”, com um consumo desenfreado de dados sem haver processamento e uso efetivo deles. Neste sentido, cita a Universidade de Berkeley que apontou a produção mundial de 10 hexabytes de conteúdos em 2007 – o dobro do que foi produzido em toda a história até 2000. Independente da velocidade dos fatos, algumas questões não se alteram. Ele elenca os desejos das pessoas que permanecem, como respeito e confiança, autonomia, interações agradáveis, tratamento justo, orgulho com as próprias realizações e possibilidade de aprender. “O atendimento a essas necessidades auxilia as pessoas a se sentirem completas e a obterem o significado do que fazem”, ressalta. Na comunicação, novas demandas se apresentam como a relevância de conteúdo e a seletividade das pessoas. Então, “comunicar não é mandar mensagem, é fazer-se compreender e preferencialmente levar a uma ação. A Comunicação informa, forma e transforma. Todo profissional de comunicação é educador”, arremata ele.

Comunicação não é mais uma decisão a ser tomada, mas uma necessidade imediata das empresas que desejam crescer, conquistar mercados, manter os índices que já possuem ou simplesmente garantir a própria sobrevivência. A comunicação interna, por sua vez, tem a missão de diagnosticar a necessidade em nível corporativo; definir a mídia, o público e a mensagem; administrar os veículos de comunicação interna; adequar linguagem e forma às novas tecnologias; equilibrar os fluxos de informação; ter capacidade para mobilizar pessoas. Parente ainda acresce: “é fundamental saber reconhecer o potencial interno e que não temos mais divisão entre públicos interno e externo, e sim público estratégico”. Para o executivo, a comunicação é sempre uma relação entre conhecimento e tempo para que os integrantes absorvam, entendam, aceitem e ajam. Assim, são maiores as chances para postura interativa, transparência, participação, foco, clima favorável, facilidade para adequações a mudanças, sinergia, confiança, comprometimento e mobilização. E ele cita os fatores críticos de sucesso: “todo e qualquer processo de comunicar dentro da organização deve respeitar algumas condições básicas, como aderência, segmentação, logística, dinamismo e interatividade, partindo dos gestores”.

MUDANÇA – A gestão da mudança considera estas características, dentro da concepção de que é um processo e não um evento pontual. O embate é fazer com que as pessoas saiam do presente com o fornecimento de informações que convença para a alteração. A resistência é uma reação natural e inevitável para a quebra de expectativas e pode ser antecipada e gerenciada, ainda que as rupturas e mudanças gerem sempre mais do que se consiga prever. E a resistência pode se dissipar desde que se conclua que a mudança é positiva. “Mas as pessoas nunca estão dispostas a se esforçar por algo que elas não sabem claramente o que é, nem o que vão ganhar com isto”, pondera. Parente então discutiu o conceito de resiliência, como habilidade de absorver altos níveis de mudança e dispor de uma mínima disfunção comportamental. As pessoas resilientes recuperam seu equilíbrio mais rapidamente, mantêm um maior nível de produtividade e ficam emocional e fisicamente saudáveis, sendo positivas, focadas, flexíveis, organizadas e proativas. Outro ponto a ser considerado são as diferenças culturais e os mecanismos de defesa decorrentes. A cultura organizacional, compara ele, é como uma cebola com o núcleo composto por valores e camadas intermediárias com ritos, processos e símbolos. A integração entre as partes demanda foco estratégico e leva em conta o impacto no negócio e as perdas necessárias.

O líder tem um papel vital para criar a visão, acreditar nas pessoas, estimular competências e localizar os obstáculos, fazendo com que a equipe se responsabilize por eles. O estímulo à visão ajuda a abandonar seletivamente o passado ao estabelecer novos fundamentos competitivos, criando um sentido de urgência e espírito de equipe. Linhas de comunicação, objetivos e processos claramente definidos, para identificar os responsáveis e desenvolver uma linguagem comum são fatores-chave deste tipo de processo. “É preciso estabelecer canais consistentes e éticos que retroalimentem a comunicação e avaliam o clima, alavancando a confiança e a credibilidade nas relações”, pontua, acrescentando que “a comunicação interna tem ligação com isto porque tudo comunica e o comunicador é o gestor do significado”. Para Parente, o segredo está em saber ouvir, dialogar, compartilhar, fazer com convicção e organizar a memória do futuro. Citando a executiva Maria Madalena Coelho, afirma que só um colaborador informado e motivado poderá responder às críticas, explicar as dificuldades, veicular os sucessos e realçar os méritos, atuando como embaixador positivo e digno de confiança. Estiveram presentes profissionais do Grupo Pão de Açúcar, Light, Banco Ibi, Cel-Lep, Wyeth Farmacêutica, Unimed Volta Redonda, Anglo Ferrous Brazil, Kimberly-Clark, Universidade Anhanguera, Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista e FIERGS.

AGENDA - Sete cursos estão programados na agenda da ABERJE entre os dias 3 e 30 de outubro de 2009 em três capitais. Entre as opções, sempre entre 9h e 18h, ministradas por profissionais e pesquisadores reconhecidos no mercado, estão assessoria de imprensa na área pública, relatórios de sustentabilidade modelo GRI, engajamento de stakeholders, planejamento de comunicação corporativa, desempenho pela gestão da comunicação, endomarketing e blogs corporativos. As inscrições acontecem exclusivamente pela internet, com preenchimento de ficha. Detalhes do conteúdo programático podem ser conferidos no http://www.aberje.com.br/ e mais dados podem ser obtidos através do e-mail cursos@aberje.com.br ou ainda no telefone 11-3662-3990, com Carolina Soares ou Fernanda Peduto.


RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas (http://www.mundorp.com.br/)

This entry was posted on quarta-feira, 30 de setembro de 2009 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.