João é supervisor de segurança e também é o síndico do prédio onde mora. Patrícia é secretária da diretoria e organizou com suas amigas de faculdade uma roda de leitura. Fábio é contador e é também o presidente de um clube esportivo. Helton é engenheiro de produção e é o pastor de sua igreja. Marcos é estagiário, mas também organiza festas no final de semana. Carlos e Márcia estão no programa de trainees e também são voluntários num projeto ambiental. Olavo trabalha na área de remuneração e à noite é professor. Marcelo é advogado, e como acabou de se aposentar criou uma comunidade digital onde se relaciona com uma centena de participantes. Heloísa é da área de TI e vai ser candidata à vereadora. E o que estes e estas ilustres profissionais têm em comum? São todos da mesma empresa. E o que isso tem a ver com o título deste artigo? Tudo.
A divisão entre o que é interno e o que é externo, não faz mais sentido. Não dá para separar uma coisa da outra de maneira simplista. Onde termina a comunicação interna e começam as relações comunitárias, por exemplo? Ou, qual o impacto de uma comunicação interna falha, difícil ou mesmo inexistente para profissionais que são também cidadãos, contribuintes, eleitores, formadores de opinião, líderes em seus círculos sociais? O que acontece com o ambiente de trabalho quando os funcionários lêem nas páginas dos jornais, pendurados nas bancas, que sua empresa teve o nome envolvido numa denúncia, mas internamente "reinou o silêncio", fez-se de conta que nada aconteceu?
Com a dinâmica dos mercados, os avanços galopantes da tecnologia e a circulação mundial da informação, em tempo real, as fronteiras se romperam. Melhor, se expandiram. As pessoas estão conectadas em redes de relações. E estas redes têm ligações diversas, complexas e multidisciplinares. Incontroláveis, livres. Globais. A velha visão de que, ao entrarem pelo portão da fábrica as pessoas deixam do lado de fora suas vidas e o mundo das relações sociais é um equívoco. A idéia de que ao colocarem o capacete, os profissionais perdem seus cérebros (e seu senso crítico) caducou por completo. Mais cedo ou mais tarde, uma organização deste tipo vai precisar rever conceitos, métodos de trabalho, políticas de atração e retenção de talentos e fluxos de comunicação. Seja por força das novas e exigentes dinâmicas sociais ou pressão natural das redes de relacionamentos entre as pessoas.
Por isso, se na tal empresa onde o João, a Patrícia, o Fábio e mais algumas centenas de pessoas trabalham a comunicação interna se resume a informativos fixados (e muitas vezes abandonados) nos quadros murais e ao "jornalzinho" que circula, mais ou menos, a cada dois meses, atenção! Se a comunicação interna ainda é chamada para "organizar aquela festa", o churrasco de celebração de mais um recorde de produção ou escrever aquele e-mail sobre a retirada do vale-transporte, cuidado! Crise à vista. Ter abertura para o diálogo é agregar valor à imagem da empresa, é tratar as pessoas com respeito, inteligência. Porque os muros caíram e não protegem mais ninguém das denúncias, dos escândalos e da opinião pública. E a comunicação interna é apenas o reflexo do mundo exterior e vice-versa. Ou aceitamos isso, ou vamos elogiar a roupa nova do imperador, mesmo sabendo que o rei está nu e a comunicação interna... acabada.
LUIZ ANTÔNIO GAULIA - Consultor de Comunicação Corporativa
A divisão entre o que é interno e o que é externo, não faz mais sentido. Não dá para separar uma coisa da outra de maneira simplista. Onde termina a comunicação interna e começam as relações comunitárias, por exemplo? Ou, qual o impacto de uma comunicação interna falha, difícil ou mesmo inexistente para profissionais que são também cidadãos, contribuintes, eleitores, formadores de opinião, líderes em seus círculos sociais? O que acontece com o ambiente de trabalho quando os funcionários lêem nas páginas dos jornais, pendurados nas bancas, que sua empresa teve o nome envolvido numa denúncia, mas internamente "reinou o silêncio", fez-se de conta que nada aconteceu?
Com a dinâmica dos mercados, os avanços galopantes da tecnologia e a circulação mundial da informação, em tempo real, as fronteiras se romperam. Melhor, se expandiram. As pessoas estão conectadas em redes de relações. E estas redes têm ligações diversas, complexas e multidisciplinares. Incontroláveis, livres. Globais. A velha visão de que, ao entrarem pelo portão da fábrica as pessoas deixam do lado de fora suas vidas e o mundo das relações sociais é um equívoco. A idéia de que ao colocarem o capacete, os profissionais perdem seus cérebros (e seu senso crítico) caducou por completo. Mais cedo ou mais tarde, uma organização deste tipo vai precisar rever conceitos, métodos de trabalho, políticas de atração e retenção de talentos e fluxos de comunicação. Seja por força das novas e exigentes dinâmicas sociais ou pressão natural das redes de relacionamentos entre as pessoas.
Por isso, se na tal empresa onde o João, a Patrícia, o Fábio e mais algumas centenas de pessoas trabalham a comunicação interna se resume a informativos fixados (e muitas vezes abandonados) nos quadros murais e ao "jornalzinho" que circula, mais ou menos, a cada dois meses, atenção! Se a comunicação interna ainda é chamada para "organizar aquela festa", o churrasco de celebração de mais um recorde de produção ou escrever aquele e-mail sobre a retirada do vale-transporte, cuidado! Crise à vista. Ter abertura para o diálogo é agregar valor à imagem da empresa, é tratar as pessoas com respeito, inteligência. Porque os muros caíram e não protegem mais ninguém das denúncias, dos escândalos e da opinião pública. E a comunicação interna é apenas o reflexo do mundo exterior e vice-versa. Ou aceitamos isso, ou vamos elogiar a roupa nova do imperador, mesmo sabendo que o rei está nu e a comunicação interna... acabada.
LUIZ ANTÔNIO GAULIA - Consultor de Comunicação Corporativa
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