Líderes informais: eles querem e podem ajudar na Comunicação Interna

Este post é do nosso ex-calouro e atual amigo de profissão Aurélio Martins Favarin. Relações Públicas e especialista em Gestão da Comunicação Organizacional, ambos pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), o profissional Aurélio Martins Favarin é Analista de Comunicação da Embrapa Solos do Rio de Janeiro, colunista do Nós da Comunicação e gerenciador/criador do blog TCC Comunicação.



por: @aureliofavarin

Nós, profissionais de Relações Públicas (e outras habilitações em comunicação), devemos beber de muitas fontes teóricas para atuarmos, tendo em vista que lidamos com o ser humano e suas complexas relações com o mundo que o cerca. Para a temática deste artigo, focado em como os líderes informais podem ajudar na comunicação interna, vale a pena frisar a filosofia e a administração.

Na filosofia, o francês Michel Foucault elucida sobre o que motiva as relações humanas. Utilizado amplamente em cursos de direito, o autor analisou, em especial na obra “Microfísica do Poder”, a presença do poder na humanidade. Segundo ele, todos os relacionamentos implicam em alguma relação de poder, ou seja, ele pode estar presente tanto em uma ordem dada por um chefe como, também, no fato de um dos membros de uma equipe ser mais “ouvido” do que os outros.

Indo para o campo da administração, a liderança em si é estudada há muito tempo pela área. Em trabalho realizado na graduação junto com os amigos Gabriel Moreno Mathias e Thiago Shoiti Iida (LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO: A ATUAÇÃO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS JUNTO ÀS LIDERANÇAS ADMINISTRATIVAS EM ORGANIZAÇÕES), verificamos diversas definições sobre liderança, divididas em dois campos distintos: liderança formal e liderança informal. A primeira diz respeito ao poder presente em um cargo instituído, formal, e a segunda tem relação com a credibilidade ou algum outro sentimento humano que faça com que uma pessoa tenha um “prestígio” maior dentro de um grupo, o que garante uma maior penetrabilidade (vale a pena ler mais em "Liderança informal: boa ou ruim?").

Será que a penetrabilidade e o prestígio dos líderes informais não devem ser considerados pela área de comunicação? De que forma estes aspectos podem ser importantes? Eu me fiz estas perguntas diversas vezes há pouco mais de um ano, antes de auxiliar na implementação do Núcleo de Comunicação Interna (NCI) em uma empresa onde trabalhei.

A primeira pergunta é facilmente respondida, tendo em vista que prestígio e penetrabilidade são fatores geralmente positivos quando falamos em comunicação. A segunda pode sugerir, a priori, a utilização destas características para a disseminação de conteúdos. No entanto, pensamos exatamente na direção contrária e nos deparamos com outra questão: por que o prestígio e a penetrabilidade dos líderes informais não podem nos ajudar a entender o que os empregados pensam? Afinal de contas, seria uma forma (relativamente simples) de realizar um acompanhamento constante sobre a opinião dos funcionários.

A partir da decisão de seguir em frente, nos deparamos com um grande desafio metodológico para colocar em prática a nossa proposta: como identificar os líderes informais na empresa e conseguir levá-los a participarem do NCI? Afinal de contas, a participação não fazia parte do trabalho e as atividades não deixariam de surgir. Pensando no fato de que os funcionários trabalhariam normalmente, participando das reuniões mensais do Núcleo de Comunicação Interna, bem como dos exercícios críticos e reflexivos sobre os veículos internos, consideramos estes obstáculos como uma “peneira de líderes informais” – vale considerar que os líderes informais geralmente fazem mais do que precisam e são muito comprometidos.

Realizávamos reuniões mensalmente e o grupo, que no início era composto por nove pessoas, ganhou mais adeptos com o passar do tempo, chegando a 12 depois de 8 meses. Além do acompanhamento mensal e da facilidade em definir pautas mais assertivas, vale frisar que os assuntos discutidos facilitaram na elaboração do questionário a ser aplicado na pesquisa anual de comunicação com todos os funcionários.

Os líderes informais detêm um poder enorme em mãos e nós, Relações Públicas, devemos pensar em representatividade de grupos além dos cargos formais existentes em uma organização. Tem muita gente dentro das empresas e instituições disposta a falar. Nosso trabalho pode ficar muito mais fácil se estivermos dispostos a ouvir.


Nós, do blog Ser.RP pergutamos: e você, profissional de Comunicação, reconhece a importância dos líderes informais? E mais, está disposto à ouví-los? Conte-nos como.

Complementado o post, para inspiração... Abaixo está um dos vídeos da campanha "Lead India" criada pelo jornal The Times of India (TOI) para as comemorações dos 60 anos da independência da Índia. Essa campanha surgiu com o intuito de encontrar escondido, na imensa população indiana, um novo líder capaz de dar voz às necessidades do povo e transformar o país.



O vídeo foi feito pelo escritório indiano da gigante multinacional de publicidade JWT, em Mumbai.

Esperamos que gostem.

Abraços...

This entry was posted on terça-feira, 12 de julho de 2011 and is filed under ,. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

One Response to “Líderes informais: eles querem e podem ajudar na Comunicação Interna”

Ya® disse...

Eu creio que os líderes informais são de extrema relevância dentro do contexto e mesmo da hierarquia interna das organizações. Identificá-los e estimular essas pessoas a fazer parte do processo de comunicação com o público interno é uma grande sacada para aproximar e entender melhor os anseios desse público. Em todas as empresas que trabalhei existia a oportunidade de abrir esse tipo de relacionamento. Nas pequenas empresas, aliás, diria que é mais delicada essa relação, uma vez que o número reduzido de funcionários acaba por fazer os setores serem representados por uma pessoa, que está sempre muito próxima das demais. Controlar o fluxo de informação e transformar esta relação em um ponto positivo no clima organizacional é um grande desafio. Mas todos gostam de ser reconhecidos dentro do ambiente de trabalho, portanto quanto maior a relação entre empresa - funcionário mais valorizado e engajado ele tende a se sentir no ambiente organizacional.