Explorar o universo virtual é a nova missão da Nasa



O astronauta Mike Massimino terá seu nome gravado na história das viagens espaciais por ter participado da última missão de reparo do telescópio Hubble em plena órbita da Terra, mas também por ter sido o primeiro homem a mandar mensagens pelo site de relacionamento Twitter do espaço.

"Da órbita: o lançamento foi ótimo! Estou me sentindo muito bem, trabalhando duro e aproveitando vistas magníficas, a aventura de uma vida começou", escreveu Massimino em 12 de maio. Nos 13 dias que esteve fora da Terra, o astronauta escreveu 34 mensagens e atraiu 349 mil seguidores, pessoas interessadas em saber o que ele fazia ou deixava de fazer no espaço. Desde domingo, quando retornou à Terra, ele já colocou pelo menos cinco novas mensagens na web.

Curiosa - afinal, de onde um astronauta tira tempo para entrar na internet -, a iniciativa não é exatamente nova para a agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa. Há um ano, a sonda espacial Phoenix tornou-se a primeira máquina a usar o Twitter para enviar mensagens sobre seus dias em Marte. A presença no site, que é a sensação do momento na internet, também não é uma iniciativa pontual, mas parte de um projeto ambicioso de fincar a bandeira da Nasa nas redes sociais. "Onde as pessoas estiverem, nós estaremos", diz Jeanne Holm, arquiteta-chefe da gestão do conhecimento da Nasa, que veio ao Brasil pela primeira vez para participar do Global Make Conference 2009, em São Paulo.
Em entrevista exclusiva ao Valor, ela falou sobre a exploração desta fronteira. De acordo com Jeanne, o movimento começou há quatro anos. "Percebemos que o site era muito acessado, mas com as pessoas vindo até nós, em vez de nós irmos até elas", diz. Pelas contas de Jeanne, o acesso ao site da agência pode chegar a 350 milhões de pessoas por ano.

Atualmente a Nasa está presente no mundo virtual com 32 perfis oficiais no Twitter, 23 comunidades no Facebook, 5 perfis no MySpace, 12 canais no YouTube e 4 ilhas no mundo virtual Second Life. É possível tirar dúvidas, conversar com engenheiros sobre projetos, colaborar diretamente com algumas iniciativas e ficar "amigo" da nave espacial Aura, que levará o homem à Marte e à Lua a partir de 2015.

Com essa presença maciça, a agência espacial quer se tornar mais transparente e divulgar trabalhos e pesquisas em áreas como saúde e ambiente, ganhando, em troca, mais relevância junto à população. "Todos conhecem o déficit e os problemas de orçamento do governo americano. Se as pessoas não gostarem do nosso trabalho não vai ter ninguém para reclamar caso ele decida cortar nossos recursos", diz.
Desde o fim da corrida espacial com a União Soviética, o destino da Nasa tem sido motivo de discussão nos Estados Unidos. Agora, com o plano de aposentadoria dos ônibus espaciais há um ano de ser colocado em prática, essas questões estão mais vivas. No início do mês, o presidente Barack Obama nomeou uma comissão para auditar os rumos do programa espacial americano. Na sexta-feira, ele indicou o ex-astronauta Charles Bolden para a sucessão no comando da agência.

Cortes de orçamento, entretanto, não são um horizonte visível. Partidário da maior abertura do governo na divulgação de informações e incentivador da inovação como mecanismo de desenvolvimento econômico, Obama colocou um crédito extra de US$ 2 bilhões para os gastos da agência entre 2009 e 2010, além de incrementar em 5% seus recursos para o ano que vem, chegando a US$ 18 bilhões. Entre as prioridades de trabalho estão estudar e monitorar as mudanças climáticas do planeta e levar o homem de volta à Lua, entre outros destinos.

Para desbravar o universo virtual, Jeanne conta com voluntários. "São 15 pessoas que dedicam boa parte de seu tempo livre ao projeto e centenas de colaboradores", diz. Tudo é feito seguindo regras de comunicação previamente elaboradas. Entre as recomendações estão não deixar os perfis 'morrerem' por falta de atualização e incluir algumas informações particulares nas mensagens. "Se não há um tom pessoal não tem sentido, é melhor fazer um comunicado oficial, nos moldes antigos", diz.Sobre o tempo para acessar a internet, Massimino não acessou seu perfil no Twitter durante a missão espacial. As mensagens eram enviadas à Nasa e colocadas na internet por alguém na Terra. Quanto à Phoenix, uma funcionária personificou o equipamento. Mas a tecnologia está evoluindo e, em breve, não haverá mais a interferência humana, diz Jeanne.



This entry was posted on terça-feira, 26 de maio de 2009 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.