Confira a segunda parte da entrevista com Gilceana Galerani, autora do livro Avaliação em Comunicação Organizacional.

Gilceana Galerani


Na segunda parte da entrevista, Gilceana Galerani, assessora da Diretoria-Executiva da Embrapa (Brasília,DF), bate um papo sobre a importância da avaliação no planejamento, sobre comunicação digital, crises, responsabilidade e planos futuros.



1- @BlogSerRP Qual o ‘peso’ que a avaliação tem no planejamento da comunicação? De que forma a avaliação das ações realizadas pode melhorar o conceito da área de comunicação dentro da organização?

@Gilceana Avaliação, de uma forma geral, tem peso importante porque é a única forma de apontar a eficiência do plano de trabalho e indicar com segurança se um projeto deve ser interrompido, repensado, paralisado, continuado e se deve receber menos ou mais investimento.

Já para a comunicação, é importante ter a consciência da dificuldade de isolar um resultado como único e exclusivo de uma equipe de comunicadores. Até pela necessidade de se trabalhar em parceria, os resultados de um projeto normalmente se devem a um esforço de muitos, inclusive dos próprios gestores. Mas quando o forte de um trabalho está na comunicação e a esta equipe foi delegada a arte de planejá-lo, então os ônus e bônus de seu resultado poderão influenciar na imagem da área.

Se avaliamos a qualidade do relacionamento entre a organização e seus empregados, por exemplo, é possível que as ações de RH tenham forte influência nos resultados. Mas podemos, num questionário de avaliação de relacionamento, incluir perguntas ou tópicos específicos sobre comunicação. E teremos então mais segurança ao apresentar nossa participação num determinado ganho ou efeito.

Por experiência própria e com base em outros casos já relatados, os resultados demonstrados por meio de pesquisas bem feitas tendem a ter credibilidade junto à alta administração. Certamente por isso, ajudam na formação de um conceito para a área.

2- @BlogSerRP Como fica a questão da avaliação em relação ao mundo digital? Quais as diferenças entre as formas de avaliação das campanhas de comunicação off e o on-line?

@Gilceana Não estudei a avaliação no mundo digital e, apesar de ter lido alguns textos que são sugeridos por profissionais da área, gostaria de comentar pouco sobre o assunto. A princípio, entendo que é possível avaliar os mesmos 5 itens apontados na questão nº 10. Mas percebo pelos poucos textos lidos que tem havido forte preocupação com o desempenho numérico (seguidores, alcance etc.), dessas mídias em detrimento do desempenho como meio de reforçar os relacionamentos. Mas têm surgido vários estudos, inclusive em strictu sensu.

3- @BlogSerRP O Relações Públicas tem um papel importante na gestão de crises. As empresas estão preparadas para enfrentá-las? E os RPs, estão capacitados?

@Gilceana Seria leviano afirmar uma coisa ou outra, pois não tenho dados para sustentar. Sei de empresas que têm comitês de crise e até treinamento periódico sobre o tema. Mas também conheço empresas grandes que ainda não se preocupam com isso, estão seguras de sua situação. Acho um erro esse último caso. Ao menos se deve ter um mapeamento dos temas sensíveis e um mínimo preparo das fontes. Da mesma forma, os RPs podem buscar capacitação e não esperar que ela venha da empresa ou da academia. Ter esse preparo e apresentar uma proposta clara e objetiva para a empresa pode ser um diferencial interessante na carreira.

4- @BlogSerRP - Muitas empresas e até mesmo personalidades já se viram em crises iniciadas no mundo virtual e que acabaram desgastando a imagem delas. Muitas vezes a saída encontrada por elas é por vias judiciais e, ao contrário do que queriam, geraram mais barulho. Como deve ser o planejamento para gerenciar estes tipos de crises e como medir os resultados alcançados?

@Gilceana Não vejo grandes diferenças entre crises iniciadas no mundo virtual ou no mundo real. Talvez a velocidade da exposição seja maior no virtual, mas o tratamento das consequências deve ser o mesmo: mapeamento da situação, definição de papéis, ações iniciais rápidas, transparência, monitoramento constante, agilidade nas decisões. Ao fim de uma crise, os resultados que interessam são medidos dia após dia, seja no acompanhamento de notícias na imprensa, no nível de normalidade das vendas e na natureza e qualidade dos relacionamentos com clientes e demais públicos.

5- @BlogSerRP Em relação ao tema da responsabilidade sócio-ambiental das empresas, elas têm cumprido com o dever de casa, ou o discurso ainda está longe da prática?

@Gilceana Tenho visto muitas críticas a algumas empresas que se dizem socialmente responsáveis. Usam o título como estratégia de marketing, mas suas ações pouco ou nenhum impacto positivo têm sobre a sustentabilidade. Outras têm ações de impacto, mas pecam, por exemplo, na forma de tratamento aos seus funcionários. De qualquer forma, creio que estamos num período de mudanças e no contexto geral da história esse ainda é um período curto. As empresas, assim como os cidadãos, estão exercitando práticas socialmente responsáveis nunca antes exigidas. Natural que haja um tempo para adaptação, e talvez atuação mais firme e presente de órgãos reguladores na concessão de certificação às empresas que realmente merecem ser reconhecidas como socialmente responsáveis.

6- @BlogSerRP O Brasil é a bola da vez? Como a área da comunicação pode se aproveitar desse crescimento econômico brasileiro?

@Gilceana Se é a bola da vez não sabemos certamente, mas o fato é que os investidores estrangeiros estão de olho no País. Têm surgido diversas iniciativas favoráveis ao Brasil, como na área dos esportes, das artes (especialmente cinema), da moda, do turismo e da hotelaria, só para citar alguns. A comunicação, creio eu, já tem sua cota de responsabilidade nesse sucesso, pois muitos esforços de comunicação e marketing ocorreram para mostrar essa pujança do país. Agora, é se antecipar às necessidades, monitorando o mercado e oferecendo a ele boas propostas e inovações. Para isso, é preciso estar ligado, bem informado e, especialmente, cultivar relações que auxiliem a ter chances nesse mercado competitivo. A rede de relacionamentos nunca foi tão importante quanto agora.

7- @BlogSerRP Quais são os próximos passos da Gilceana?

@Gilceana Estava coordenando a comunicação interna da Embrapa e me preparando para o doutorado quando, há cerca de dois meses, fui convidada para novas funções na Empresa onde trabalho. Aceitei assumir uma das assessorias da Diretoria-Executiva da Embrapa, em Brasília. Como resultado, após 20 anos atuando diretamente com comunicação, estou agora nessa área mais abrangente, que exige fortíssima dedicação, articulação e capacidade de análise. Sei que todos os estudos e oportunidades de comunicação e relações públicas que vivenciei serão fundamentais para executar um bom trabalho nessa nova função. Um dos principais desafios, por exemplo, é auxiliar na melhoria da comunicação com os gestores da Empresa, que possui 47 unidades espalhadas por esse Brasil. O estudo da comunicação administrativa tem sido constante.

Mas as funções de assessoria não estão restritas à comunicação, pelo contrário. Devo assessorar em todos os assuntos demandados pela Diretoria e atuar bastante próxima dos departamentos de finanças, suprimentos, manutenção e gestão de pessoas. A experiência é maravilhosa, pois exercito outras leituras do ambiente e me vejo obrigada a aprender novas linguagens e comportamentos. Isso é muito rico e estimulante e entendo que virá contribuir bastante para minha vida profissional e pessoal.


Clique no link abaixo e confira a primeira parte da entrevista:

Entrevista com Gilceana Galerani, Relações Públicas e Mestre em Ciências da Comunicação

Entrevista com a Relações Públicas Carolina Frazon Terra

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This entry was posted on quarta-feira, 22 de junho de 2011 and is filed under ,. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

One Response to “Confira a segunda parte da entrevista com Gilceana Galerani, autora do livro Avaliação em Comunicação Organizacional.”

Irene Santana disse...

Só quem já trabalhou com a Gilceana sabe que ela realmente coloca em prática as coisas que afirma nessa maravilhosa entrevista. A Embrapa tem muita sorte de ter uma profissional do seu gabarito e nível de comprometimento e seriedade. Beijos, Irene (mãe do Davi)