A minha trajetória foi um pouco diferente, pois na época de estudante eu decidi ser RP.
Minha decisão por ser RP veio da constatação de que quando me formei em técnico eletrônico (sou técnico, pois meu pai falou que era importante ter uma profissão o quanto antes) descobri que era um profissional medíocre. Constatação dura mais necessária.
Ao comunicar a minha família minha decisão isto foi um choque. O que você quer da vida menino ? Ser porteiro de boate ? Promoter de festa? Que o futuro te reserva menino ?
Confesso que foi muito difícil convencer uma família crescida e criada em uma pequena cidade do interior de SP que uma pessoa que ia se formar numa profissão desconhecida serviria para alguma coisa, mas mesmo assim agradeço aos meus pais pelo respeito que deram a minha escolha.
Dentre todas as universidades eu escolhi a UEL, não pelo status da universidade, professores ou qualquer outra coisa, mas pelo gramado. Adoro aquele campus enorme.
Pois bem, depois de três tentativas eu entrei na universidade que sempre sonhei.
Foram anos maravilhosos, fiz grandes amigos nos quais me relaciono até hoje e desenvolvi tudo o que um estudante deve fazer numa universidade pública: Ensino, pesquisa e extensão.
No terceiro ano resolvi fazer estágio e no mural do CECA achei um chamado de estagiário para uma rede de supermercados, fiz o processo seletivo e passei.
Ao chegar no mercado de trabalho me deparei com dois dilemas:
1- Sua profissão só impõe respeito se você pode matar alguém (médico), prender alguém (advogado) ou explodir alguém (engenheiro). Caso contrário você é somente perfumaria e sua capacidade tem que ser provada todo dia.
2- Ninguém conhece a sua profissão e você tem que se denominar profissional de Marketing para trabalhar como RP. Ai fica mais fácil.
Pois bem, fiquei quase dois anos neste supermercado e agradeço muito a todos de lá que me deram grandes oportunidade, aprendi muito com aquelas pessoas.
Trabalhando no supermercado (como vocês sabem RP ganha pouco e é mais um sacerdócio que uma profissão) resolvi abrir uma empresa com alguns amigos para complementar a renda, pois tentei o bolsa família mais não consegui.
Abrir empresa não é fácil, tem que ter cara de pau e coragem. Tenho orgulho desta fase da minha vida, pois hoje acho que não teria a mesma coragem.
Mesmo com a empresa e o supermercado a renda ainda era baixa. Desiludido com o Brasil solicitei asilo político para a embaixada da Finlândia na esperança de mudar de país e começar uma nova vida.
Como não obtive resposta e havia terminado uma pós graduação em Marketing (para continuar trabalhando como RP) comecei a trabalhar no sistema de tutoria virtual para um faculdade com um sistema de Ensino a Distância.
Conclusão..... Minha vida era o supermercado de manhã, a empresa a tarde a faculdade a noite.
Trabalhava muito, mas fazia tudo com muito amor e perseverança.
Neste meio tempo busquei oportunidades em outras empresas em outras cidades, principalmente SP.
Mas quem conhece SP sabe o que estou falando... se você fala porrrrta e porrrrque com o sotaque caipira, você sofre preconceito. Sofri um pouco, por isto defendo um sistema de cota para caipiras em SP, pois não consegui emprego. Ainda bem.
Nesta vida louca resolvi prestar o concurso para ser RP na Petrobras.
Fiz para aproveitar a oportunidade e para minha surpresa passei (chamaram muita gente daquela vez).
Hoje trabalho como RP na Petrobras em uma refinaria e sou muito feliz.
Também tive a oportunidade de fazer um mestrado e hoje dou aulas em uma faculdade na cidade onde moro e uma vez por ano dou aula de pós graduação na UEL e isto me deixa realizado.
Sou feliz com o que faço, mas a vida ainda não é fácil, pois por mais que eu tenha estudado, eu ainda não posso matar, prender ou explodir alguém, assim, minha competência profissional é testada todo santo dia.
E foi assim que cheguei até aqui.
E você, conte-nos um pouco de sua história. Venha participar desta troca de depoimentos que ressaltam nossas dúvidas, conquistas e derrotas de nossas carreiras, mas que são tão importantes na em nossa construção como profissionais. Como chegou aqui?
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5 Responses to “Como cheguei aqui! Por Aislan Greca.”
Aislan,
Belo texto e bonita trajetória. Tudo o que conta, com certeza, contribuiu para você ser o profissional competente que é.
Sucesso hoje e sempre...
Abraços,
Alexandre Costa
Legal a história só achei muito absurdo isso de ser desvalorizado em SP.
Sucesso!
@Galofero
Eu como o velho clichê, fui escolhido pela profissão. Eu vi a idade chegar e percebi que precisava estudar qualquer coisa. Prestei o ENEM e fui aprovado no curso de RP na Faculdade Paulus.
A professora que me deu aula no primeiro semestre Denise Aquino que me fez me apaixonar pela profissão.
Muito bom o texto, Aislan. Parabéns!
Aislan, me identifiquei muito com sua trajetória! Parabéns!!!!
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