
O professor da Harvard Business School, do American Institute of Graphic Arts e do Design Management Institute, Tony Spaeth, foi a personalidade mundial que deu início às discussões. Ele, que através de sua Identity Works tem clientes como Caterpillar, Dow Jones, Sony Corp e J.P.Morgan, elaborou uma Matriz de Branding Corporativo – entregue aos presentes em versão traduzida. Seu processo de planejamento e criação, ao invés do enfoque em marketing, está voltado para a liderança e para uma audiência muito mais ampla que o consumidor, envolvendo gestores, funcionários, investidores, governo e suas percepções sobre a empresa. Neste caminho, superou-se visões anteriores de que identidade seria logomarca e nome, negligenciando uma série de pontos de contato relevantes, a estrutura organizacional e seu conjunto de missão, visão e valores como condutores das práticas.
Spaeth explica que é uma proposta integrada de planejamento institucional da marca com 13 proposições de branding e 22 estratégias comunicativas esmiuçadas. A matriz envolve uma extensa análise de drivers sob os pontos-de-vista estrutural, estratégico e funcional. Para adaptar-se a mudanças estruturais, como fusões, aquisições e cisões, ele destaca ser preciso ponderar se o negócio resultante é uma fusão entre iguais ficando o melhor de dois, ou se é uma marca sobrevivente transformada ou então uma opção de esquecimento do passado. A decisão está em preservar o patrimônio existente ou expressar uma nova visão. Já a realização de reposicionamento estratégico abrange a redefinição de competências centrais, renovação de associações para ampliar a visibilidade, melhoria da percepção das dimensões já existentes, incremento do perfil do público-alvo, mudanças de cultura organizacional (especificação de foco, aumento de orgulho e confiança, renovação da energia competitiva e transferência do sentimento de pertencência) e mudança até na percepção da composição da empresa, reordenando suas unidades de negócio. O consultor acrescenta que o aprimoramento da eficácia da marca é o tema da parte funcional, quando analisa o aumento de impacto e lembrança de nome ou sua diferenciação, aprimoramento da qualidade e da força visual, incorporação da publicidade.
No outro eixo da matriz, ele organiza as táticas de identificação (palavras emprestadas ou criadas, abreviaturas, marca, predomínio de palavras ou de símbolos) e os elementos do sistema de identidade (tipografia, elementos gráficos, paleta de cores, denominação legal, relação de nomes e competências, slogan e assinatura, marca monolítica, endosso visual e sistema misto de arquitetura). Além disto, assinala, devem ser pensados os fatores situacionais, sejam corporativos como definições do setor, dimensões, gestão, localização da sede, concorrência, história e atitudes dos funcionários, ou então sub-corporativos, que seriam a lista de competências, as subsidiárias e os produtos e suas marcas. Tudo é avaliado sob o prisma da intensidade de mudança na visibilidade final, no posicionamento proposto. “Mas o mais importante diálogo e atração de atenção para o poder da marca dentro da organização deve partir do líder”, assinala.
No caso de “marca-mãe” e marcas subsidiárias, ele destaca que não cabe à holding ser sempre a heroína ou o destaque, como pilar de solidez e amparo institucional. Este papel também seria das unidades, que é onde estaria a energia e a paixão pelo negócio. Antes do redesenho da marca, há um grande sistema de arquitetura para ser pensado, com toda uma reconfiguração visual-gráfica dentro de uma visão estratégica. Segundo o consultor, “a função da comunicação corporativa não é vista com a importância que tem. A empresa tem que entender que o branding corporativo requer autoridade e status ao setor responsável, mas tudo depende do CEO”.
ÚNICA - O segundo painel contou com representantes de três das maiores consultorias de branding nacionais. Para Marco Antônio Rezende, diretor de Branding e Novos Negócios da Cauduro Associados, fazer marcas líderes é função do design, mas criar uma marca única é habilidade do branding. Para ilustrar, utiliza a mitologia grega dizendo que a marca líder traz a figura do Narciso, que se regozija com sua posição de dianteira, e a marca única remeteria a Vênus, à centralidade e à adoração. “A marca é síntese de todo o trabalho de comunicação. É fundamental criar um elemento de linguagem que estabeleça um vínculo com as pessoas”, aconselha. Neste sentido, o redesenho da marca seria como a ponta de um iceberg, que se sustenta por uma base de comunicação integrada com os públicos de interesse. Rezende mostrou seus raciocínios para chegar à Lei da Eficácia da Marca, dizendo que é inversamente proporcional ao custo de comunicação, sendo então uma arma em momentos de crise porque traz mais resultados com menos investimento. O branding ineficaz acaba precisando ser compensado por uma comunicação em nível mais intenso, daí que sentencia: “investir em branding não é gastar mais, mas sim gastar bem”.
Luciano Deos, diretor-presidente da Gad Branding&Design, parte do princípio que as marcas, mesmo que numa análise subjetiva ou passional, são hoje valiosas para os consumidores como forma de identificação e posicionamento. Elas teriam a capacidade de possuir diferentes significados em diferentes momentos de vida, porque “produtos são feitos em fábricas, mas marcas são feitas e existem apenas na mente do consumidor”. Na realidade, enfatiza que os produtos ficam cada vez mais parecidos e não conseguem criar valor. Mesmo assim, a maioria das organizações vê a marca somente como logomarca, perdendo potencialidade. Os processos de diferenciação são vários, mas sempre passam pela gestão do branding – 80% do valor de mercado das companhias vêm de ativos intangíveis, onde a marca tem papel central. “Uma grande dificuldade é a falta de estratégia de negócios na média das organizações, ao menos de maneira declarada e sistematizada”, manifesta.
Em termos conceituais, há uma profusão de tentativas de explicação. Ele defende que marcas são experiências verdadeiras e diferenciadas, realizando a promessa do negócio, num enfoque integrado. O sistema de branding na GAD envolve a estratégia, a identidade, a implantação e a gestão, conquistando no final um posicionamento claro, porque a percepção do design em todas as suas manifestações exponencia os resultados e a visão do consumidor. Trabalhos de consultoria que não prevejam todo o sistema, incluindo a implantação, deveriam ser evitados. Contudo, Deos diz que há um desafio prévio de alinhamento interno sobre esta importância, para não gerar discursos inconsistentes ou vazios: “é estabelecer uma personalidade, e não apenas um estilo de comunicação”.
Para Natascha Brasil, sócia-diretora da Ana Couto Branding&Design, não é diferente: marcas são grandes forças na economia moderna e podem tornar-se o ativo mais valioso de uma empresa, tornando-se ferramentas de negócio. A qualidade do produto e a eficiência dos serviços continuam sendo fundamentais, mas já não são diferenciais de longo prazo. Ela indica que é a emoção que não pode ser copiada e passa a ser a grande inovação. A marca agrupa um conjunto de percepções inspiradoras que constrói relacionamentos duradouros e de confiança. “Estamos falando de vínculos emocionais que se consegue estabelecer”, reitera.
Uma marca forte aumentaria o poder de negociação, atrairia pessoas talentosas para trabalhar, facilitaria a entrada em novos mercados, elevaria o preço das ações na Bolsa de Valores e colaboraria na confiança dos investidores. Marcas fortes podem até lançar mão de discursos temporários e associações descontraídas sem ferir a integridade e a personalidade, portanto mais adequados à velocidade das mudanças comportamentais e à competição por atenção da sociedade contemporânea. “O design é capaz de transformar em algo cotidiano toda a estratégia do negócio, de tangibilizar a inteligência. Criar marcas exige paixão, precisão, conhecimento e técnica, mas acima de tudo é uma construção coletiva”, finaliza.
Estiveram presentes profissionais de empresas como Klabin, Petrobras, TetraPak, Cemig, Votorantim, Rodobens, CPFL, Odebrecht, Ticket e Boticário, além de entidades como Fundação Roberto Marinho, Correios, Metrô de São Paulo, Confederação Nacional da Indústria, Embrapa e SESC Nacional. Em breve, o hotsite promocional da iniciativa vai disponibilizar aos inscritos as apresentações realizadas. Esta edição da Conferência foi patrocinada pela Accor, Bayer HealthCare, Fiat e Vale. Mais dois painéis de cases em comunicação digital e comunicação interna compuseram a estrutura.
AGENDA - A programação de novembro na ABERJE – que atualmente reúne as Associações Brasileiras de Comunicação Empresarial, Branding e Comunicação Organizacional – tem início no dia 4 com o curso “Como construir e gerenciar blogs corporativos”, com a jornalista Pollyana Ferrari. Depois é a vez do curso “Engajamento com Stakeholders”, marcado para o dia 5 de novembro, que vai ser desenvolvido pela advogada Priscilla Navarrette, especializada em Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa pela Fundação Getulio Vargas e Fundação Dom Cabral, e pela relações Giselle Tromboni, especialista em Planejamento Estratégico de Marketing, Comunicação Integrada e Branding e consultora há 24 anos. O Café ABERJE Campinas vai debater Branding com os maiores especialistas brasileiros, como Ana Couto, Ricardo Guimarães e Luciano Deos no dia 7 de novembro no Espaço CPFL. O mês também deflagra a série de módulos do Programa Internacional em Relações Governamentais, em convênio com a The George Washington University e The Jedi Group, marcado para os dias 7, 8, 21 e 22. Já no dia 11 tem reunião do Comitê de Sustentabilidade, com a presença do presidente da SERASA, Francisco Valim, e da superintendente de Sustentabilidade, Comunicação Interna e Institucional do Banco Itaú, jornalista Sonia Favaretto. No dia 12, acontece o curso “Construção de um Plano de Comunicação Interna: premissas, dia-a-dia e resultados”, com o administrador Carlos Parente. Outras ações já estão confirmadas e a agenda completa pode ser acessada no http://www.aberje.com.br/ ou ainda pelo 11-3662-3990.
RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas (http://www.mundorp.com.br/)
One Response to “Branding conquista espaço estratégico”
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