Empresas diversificam ações de responsabilidade social






Muita inspiração para tratar do tema sustentabilidade nas organizações foi o que a platéia presente na conferência de Responsabilidade Social Empresarial da IBC - International Business Communications (http://www.informagroup.com.br/) obteve no dia 4 de novembro de 2008 no Hotel Quality Moema em São Paulo/SP. Experiências para diferentes públicos e de distintos portes foram alvo de intercâmbio entre os profissionais.

Natalice Mundim, gerente de Relações com a Comunidade da Brasil Telecom, falou do processo de organização dos 284 projetos sociais e dos 780 projetos culturais patrocinados na empresa, totalizando mais de R$ 25 milhões de investimento, com impacto superior a três milhões de pessoas. Vale dizer que a BrT tem 10 milhões de assinantes em telefonia fixa, cobrindo 33% do território nacional, sendo quatro milhões de usuários na internet discada e 1,3 milhão na banda larga. Um detalhamento maior foi dado para o case CDI, referente à Escola de Cidadania e Informática implementada para promover inclusão digital, capacitação e geração de renda com envolvimento dos colaboradores como educadores voluntários, existente desde 2001. A partir de 2004, começaram a implantar o sistema na sede e filiais da empresa, após detectar carência e interesse na própria equipe.

A ênfase na liderança de projetos é incentivar o engajamento dos funcionários como voluntários pela crença de que a responsabilidade social deve ser individual antes de ser coletiva. Há formações semestrais de grupos com temáticas estabelecidas, cujo resultado não se restringe ao ambiente interno, mas é compartilhado por canais públicos. O banco de capacitadores já ultrapassa 100 pessoas, e cerca de 90% do tempo empregado é fora do expediente. A empresa oferece toda sua infra-estrutura, mas o expertise vem de parceiros para processos de planejamento, conteúdo, certificação e avaliação. “Estamos participando ativamente do debate sobre formas de envolvimento trazidas por termos como responsabilidade social, ética, empresa cidadã, em especial operacionalizado através de programas de voluntariado. E a comunicação é fundamental na tarefa de mobilizar”, relata.

VALORES - O gerente de Assuntos Governamentais e Institucionais da Caterpillar, Antônio Carlos Bonassi, atua com três ondas de trabalho no tema: nas operações (ambiente limpo e seguro, projeto justo e competitivo), no mercado (produtos e serviços sustentáveis, com controle de emissões, uso de energia e resíduos) e na comunidade (projetos de interação). A empresa tem 174 fábricas em 10 países, com 112 mil funcionários, sendo seis mil no Brasil. Sua unidade em Piracicaba/SP tem quase quatro milhões de metros quadrados de área, e o próprio prédio principal tem reuso de água, coleta de chuva, iluminação natural e uma série de outros itens exemplares para inspirar quaisquer outras ações externas.

Bonassi destaca que a base de todo o trabalho são os valores da organização: integridade, excelência, trabalho em equipe e comprometimento, incluindo na visão 2020 a viabilização do progresso sustentável. No Brasil, há um foco para despertar orgulho nos funcionários e admiração na comunidade e criar modelos sustentáveis desde a inauguração em 1976. As ações ambientais envolvem a racionalização de recursos, com reciclagem de água (economia de 85%) e de materiais (duas toneladas de papel e plásticos são reciclados por ano e vendidos, numa renda que compra mais de cinco mil kits escolares para doação), descontaminação de óleos, combate ao desperdício de alimentos, economia de energia e fontes alternativas.

O relações públicas também falou do Programa Viva Bem, construído sob cinco pilares: saúde, segurança, qualidade de vida, cidadania e meio-ambiente. Oferecem assistência médica e odontológica, ações para crônicos e dependentes químicos, projetos educativos e a Vila Saúde, com sistema de atividades esportivas. Tem coral, encontros com adolescentes, biblioteca e workshops para casais (relacionamentos, orçamento familiar), patrocínio à Orquestra Filarmônica de Piracicaba, estímulo ao voluntariado, campanhas de Natal (coleta de brinquedos para cerca de três mil crianças), absorção de deficientes físicos. Uma das grandes ações é um projeto de desenvolvimento da cidade, chamado “Piracicaba 2010”, organizado numa Oscip, saindo da esfera do Poder Público para não ser bloqueado por correntes partidárias e eleições. São 15 áreas temáticas, 1500 voluntários e 146 projetos já concluídos por 40 instituições locais aglutinadas.

Há incorporação da perspectiva sustentável na elaboração de produtos, como troca de óleo extendida nas máquinas, ou de processos, como no aproveitamento do gás metano num aterro sanitário para gerar energia, afora práticas de manejo florestal e de preservação de grandes bacias hidrográficas. Ele ainda relatou o projeto H2O, que já envolveu 150 mil estudantes na discussão sobre o uso racional da água, através de workshops e projeção de filmes num ambiente geodésico especialmente criado. Outros 450 mil estudantes participaram do projeto “Cochicho da Mata” desde 2002, aplicado num espaço simulador da floresta com interação ampla, mesmo enfoque do projeto Lixo Útil, uma exposição itinerante que já recebeu 400 mil pessoas. Há outras ações de impacto menor, mas de alta relevância para os funcionários, como o patrocínio ao time XV de Piracicaba. “Mas é na educação que gostamos de investir mais porque agrega valor à sociedade”, posiciona-se.

Bonassi comenta que, para avaliação de resultados, criaram em 2008 um índice de opinião dos funcionários, obtido por uma amostra de 98% da força de trabalho, em que foi revelada a crença interna na validade e no alcance da proposta de negócio conectada a valores sócio-ambientais, na ordem de 96%, o que repercute no índice de engajamento que chega a 95%. E finaliza brincando: “o funcionário Caterpillar tem sangue amarelo”, referindo-se à cor da identidade visual da empresa.

TRANSFORMAÇÃO – Com 325 lojas, 70 mi funcionários em operação multiformato e presença em quatro regiões brasileiras, o desafio do diretor de Responsabilidade Social e do Instituto do Wal-Mart, Paulo Mindlin, é exercer na prática um dos pilares da sua missão: liderança em sustentabilidade e responsabilidade social. O Instituto existe desde 2005 e já apoiou 52 projetos em 12 estados, com duração máxima de dois anos. Foi criado para pensar o desenvolvimento da empresa para as pessoas viverem melhor, sob os enfoques econômico, social e cultural de maneira estrutural, que garantisse a transformação social desejada e necessária.

Na linha social, o foco é no fortalecimento das famílias. Na parte econômica, a prioridade é a capacitação para gerar renda. Fazem articulações com ONG’s locais, conhecedoras profundas de suas comunidades, com o compromisso de ter constância para alcançar resultados. A seleção acontece por editais, onde já se demonstra a austeridade no controle dos passos, na aplicação dos recursos e nos impactos gerados em acompanhamentos trimestrais. Mindlin ainda acrescenta que produtos artesanais dos parceiros são comercializados nas lojas.

Os comportamentos valorados são transpostos para toda a cadeia de valor, como por exemplo não aceitando trabalho escravo em fornecedores, e fiscalizando estas práticas. Nesta ótica, mantém o Clube dos Produtores, em que mais de 2.800 pequenos ruralistas locais recebem assessoria técnica para fortalecer sua plantação e permanecer com renda adequada no campo. Já envolve 1000 produtos vindos de seis estados e ofertados nas lojas da marca. O diretor referiu ainda sobre as estações de reciclagem mantidas com o Instituto Coca-Cola, com incentivo de descarte junto aos clientes e de coleta por cooperativas conveniadas. As sacolas retornáveis também foram mencionadas, até porque um único consumidor médio utiliza 880 sacolas plásticas por ano, com evidente prejuízo ambiental.

Cada loja tem autonomia para escolha de demandas locais, como apoio a campanhas de vacinação, passeios ciclísticos, sediamento de divulgação de eventos, mas é uma atuação menos estratégica, ainda que sempre conectando ao negócio e ao relacionamento com públicos de interesse, dentro de uma política global e nacional. Para finalizar, ele relatou o Programa de Desenvolvimento Integrado da Bomba do Hemetério, bairro de Recife/PE, baseado no tripé cultura, saúde e cidadania para melhoria do IDH. É uma grande parceria envolvendo governo, empresas, ONG’s e voluntários envolvidos na comunidade, para retirar dela as necessidades mais efetivas. O trabalho foi iniciado por um Censo com os 8500 habitantes do bairro, num mapeamento de suas duas mil residências com média de quatro moradores cada e renda de R$ 320,00. O investimento é de R$ 5 milhões para cinco anos.

A conferência ainda contou com relatos de Claudia Calais, gerente de Responsabilidade Social da Fundação Bunge, e da diretora executiva do Instituto Accor, Carla Beira. O trabalho da manhã havia sido iniciado por uma contextualização histórica e conceitual através de consultores da Editora Trevisan e da Via Gutenberg (relatada em matéria complementar). O evento teve apoio da Abracom e da Agência Estado. Quem não participou da iniciativa pode ter acesso aos áudios das palestras. Para mais informações, basta escrever para documentacao@informagroup.com.br ou ligar 11-3017-6876.



RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas (http://www.mundorp.com.br/)

This entry was posted on quinta-feira, 27 de novembro de 2008 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.