Publicação “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil – 2009” mostra que a geração de lixo cresceu em ritmo muito superior ao da população. Quase 22 milhões de toneladas ainda têm destino impróprio
A ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais apresenta os dados inéditos da edição 2009 do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Além dos dados nacionais e das regiões geográficas, esta edição traz também de maneira inédita as informações segmentadas por Estado.
A publicação demonstra que, apesar de alguns avanços, a situação do setor ainda é crítica em relação à geração, coleta e destinação de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). O País gerou mais de 57 milhões toneladas de resíduos sólidos em 2009, crescimento de 7,7% em relação ao volume do ano anterior. Só as capitais e as cidades com mais de 500 mil habitantes foram responsáveis por quase 23 milhões de toneladas de RSU no ano.
A geração per capita também registrou aumento de 6,6%, volume bem superior ao crescimento populacional, que foi de apenas 1% no ano. “Esse dado indica um aumento real na quantidade de resíduos gerados e reflete a ausência de ações com objetivo de minimizar a geração de resíduos no País”, afirma Carlos Roberto Vieira da Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE, ao observar que “o lançamento do Panorama 2009 acontece em um momento muito importante, quando se intensificam as mobilizações para a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos”.
O Panorama demonstra que, em relação a 2008, houve um crescimento de 8% na quantidade de RSU coletado no país, o que representa mais de 50 milhões de toneladas. Silva Filho ressalta que esse crescimento na abrangência da coleta indica que o país caminha de maneira constante para universalizar esses serviços.
Apesar de ter sido constatada uma evolução na adequação da destinação de RSU de 2008 para 2009, no cenário atual 43% do total de resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil, que representam quase 22 milhões de toneladas, ainda são dispostos de forma inadequada, em aterros controlados ou lixões, que não garantem a devida proteção ambiental.
“Isso evidencia a carência de uma gestão integrada eficiente, que envolva toda a cadeia”, observa o diretor executivo da ABRELPE. Esta gestão deve contar com programas de conscientização para reduzir a geração de lixo; a implantação de programas estruturados de coleta seletiva, que substituam as atuais práticas informais por políticas de reciclagem, e por fim a implementação de unidades adequadas para a destinação final de um volume mínimo de resíduos.
O levantamento desenvolvido pela ABRELPE também mostra que a oferta dos serviços de coleta seletiva continua avançando nos municípios, porém a passos muito lentos. Das 5.565 cidades 56,6% afirmaram contar com iniciativas de coleta seletiva. “Esta evolução vem se mantendo estável nos últimos cinco anos. Parece claro que a prática de medidas isoladas, e calcadas em ações informais, ainda é uma solução parcial, que não tem potencial de trazer avanços concretos para o setor”, lembra o diretor executivo da ABRELPE.
O Panorama 2009 ainda revela que os investimentos dos municípios destinados aos serviços de limpeza urbana - que incluem coleta de lixo diária, transporte, destino final, varrição, limpeza de ruas, capina, limpeza de córregos - são bastante limitados.
“A despesa média municipal no Brasil para dar conta de todos os serviços de limpeza urbana é de pouco mais de R$ 9,00 por habitante por mês, muito inferior ao ticket médio de outros serviços essenciais, como luz e água. Essa limitação financeira se torna uma importante barreira para os avanços do setor”, conclui o diretor executivo da ABRELPE.
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