Mercado amadurecido


Empresas jornalísticas investem em conteúdo elaborado e ações conjuntas para atrair leitores e anunciantes
De alguns anos para cá, o jornalismo praticado fora da capital do Estado de São Paulo mudou. Não só no visual, mais atraente, e na linguagem moderna, mas, principalmente, no conteúdo, agora muito mais focado nas suas cidades e não no noticiário das importantes cidades do país e do mundo.

"Tecnologicamente, democratizou-se muito o acesso a todo tipo de equipamento. Os mercados do interior amadureceram em função do varejo, a tecnologia permitiu que esses jornais crescessem muito. Os jornais de São Paulo tiveram de recolher seus tentáculos do interior. No negócio da comunicação chamado jornal, existe uma coisa que vai além da escala, que é justamente o envolvimento com a comunidade, a paixão, a torcida, a sensibilidade. Eu sei porque fui o primeiro empresário de comunicação no interior a ter dois ou três jornais fora desse mercado. A gente cresceu dentro disso", conta Renato Zaiden, diretor de marketing administrativo do Jornal da Cidade, de Bauru.

"Os grandes jornais do interior, ao longo dos últimos anos, investiram no talento de suas redações e apostaram num jornalismo de fato, independente, apartidário e plural", afirma o presidente da Associação Paulista de Jornais (APJ), Fernando Salerno. "São conceitos que considero, hoje, incorporados ao patrimônio da mídia regional. Nossos associados não dependem da receita de governos municipais, estaduais ou federais. Hoje não há a mínima hipótese de esses jornais adotarem uma postura colaboracionista", atesta.

Distância limitada
Outro fator determinante para que a imprensa do interior reencontrasse sua rota foi o fato de os grandes jornais tirarem o pé do acelerador em suas operações a mais de 150 quilômetros da capital. "Também eles enfrentaram a situação de perda de circulação, e a operação de levar o jornal para o interior começou a ficar cara demais", avalia o jornalista Eugênio Araújo, editor-chefe do Cruzeiro do Sul, de Sorocaba.

Araújo, que há quatro anos dá consultoria para jornais do interior, ilustra esse cenário com a joint venture montada em parceria pela Folha de S. Paulo e o Estadão para levarem, juntos, seus produtos até determinada região - e a partir daí cada um seguir seu caminho. "A verdade é que, nas grandes distâncias, a equação entre número de assinantes, retorno da publicidade e os custos do processo resultam em prejuízo inevitável para os jornais. É por isso que, nos últimos anos, os diários do interior passaram a ocupar o espaço do grande jornal que não vai mais para o interior", afirma Araújo. Salerno, que é diretor do jornal Valeparaibano, com sede em São José dos Campos e sucursais em Taubaté, Jacareí, Guaratinguetá e Caraguatatuba, ilustra: "Tenho 68 pessoas na redação. A Folha e o Estadão não têm nenhum jornalista no Vale do Paraíba".

O "mercado paulista", como é chamada a fatia que exclui a capital, é considerado o segundo maior do país

Conforme conta Odair Bertoni, diretor industrial do S.A. O Estado de S. Paulo, a S. Paulo Distribuição e Logística (SPDL) foi criada com foco em otimização e redução de custos na distribuição dos jornais. "Depois do acordo fechado entre as empresas, em 2001, a SPDL foi fundada em agosto de 2002. A fusão das distribuições dos dois jornais teve como princípio o fato de a 'concorrência' entre eles estar nas redações e nas áreas comerciais. Evidentemente que a oportunidade de redução nos custos na fusão da distribuição, e o momento que as empresas enfrentavam em face de forte retração do mercado publicitário, facilitaram o acordo", esclarece Bertoni. (Veja box com números de circulação no interior dos dois periódicos)

A influência do Bom dia
O anúncio do surgimento da rede Bom Dia, do empresário J. Hawilla, em 2006, trouxe um novo modelo de produção à imprensa do interior. Nele, parte do material para publicação destina-se aos diversos jornais que compõem a rede. "Para nós, foi ótima a chegada do Bom Dia. A gente cresceu e teve um parâmetro. Melhoramos o produto editorial, passamos a ter uma referência diária de concorrência e um termo de comparação", afirma Renato Zaiden, diretor de marketing administrativo do Jornal da Cidade, de Bauru.

Para ler mais: http://portaldacomunicacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=20630

Postado por: Ramon Fernandes

This entry was posted on segunda-feira, 28 de abril de 2008 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.