A próxima revolução sociotecnocultural virá dos países emergentes

A próxima revolução sociotecnocultural virá dos países emergentes Por Bruno Galo e Juliana Rocha São Paulo, 01 (AE) - A próxima revolução sociotecnocultural (ufa!) nascerá em São Paulo. Ou no Rio.

01/04/2009 - 15:37 - Agência Estado

Ou em Pequim ou Mumbai. Segundo Gerd Leonhard, mídia-futurista alemão e conselheiro tecnológico de empresas como Nokia e BBC, e Richard Barbrook, escritor e professor da Universidade de Westminster (Londres), os países emergentes "ditarão o futuro em vez de apenas copiar o criado pelo mundo rico".


"O Brasil é um caldeirão de culturas. Vocês sabem disso desde a Tropicália, basta acreditar em si mesmo para influenciar", disse Barbrook, que vem ao Brasil - apenas a 59ª economia mais conectada do mundo, de acordo com relatório do Fórum Econômico Mundial na América Latina, que acontece a partir de 14 de abril no Rio - para lançar o livro "Futuros Imaginários" (editora Peirópolis).


Para o intelectual, que durante os anos 1980 participou de transmissões pirata e de rádios comunitárias, a "internet é um futuro velho". "Quando eu era criança, em 1964, já se falava sobre as maravilhas que uma rede mundial de computadores traria. Hoje, como adulto, ainda me prometem as mesmas coisas. E o mais impressionante é que, de acordo com as profecias de quatro décadas atrás, eu já deveria estar vivendo nesse admirável mundo novo."
Ele não contesta a importância das novas tecnologias de informação para o desenvolvimento. Mas acredita que seu suposto poder libertador e redentor para a humanidade é superestimado. "Sou um entusiasta da tecnologia. Veja: estou aqui com meu notebook Apple e dois celulares", diz. "Mas algumas vezes nos esquecemos de que as tecnologias mais bem-sucedidas são invisíveis. Não é impressionante que, em vez de estar sentado na escuridão ou dependendo de velas, eu aperte um botão e tenha luz na sala? Nós nem mesmo pensamos mais nisso."


A "invisibilidade" parece, contudo, ser conquista recente da web. Graças especialmente aos celulares - só no Brasil há mais de 150 milhões de telefones móveis - "estar sempre online" (ou ao menos conectado) se tornou regra. "A multiplicação do número de lan-houses e a explosão das redes sociais no País mostram que há uma demanda imensa da população por participar", afirma o professor da UFRJ Henrique Antoun.


Para Leonhard, a "necessidade de ser criativo para resolver problemas básicos" de países emergentes dá vantagens a essas nações num contexto de expansão e popularização da internet. "É um momento único para começar um negócio. Sou otimista e creio que a tecnologia ajudará a distribuir o dinheiro, mesmo que isso seja, a princípio, doloroso para os ricos".


A distribuição do dinheiro serviria, inclusive, para fazer avançar a tecnologia. Conforme explica Antoun, programas governamentais acusados de "puro populismo" por dar ajuda de custo aos mais pobres têm de ser entendidos dentro da nova lógica do trabalho intelectual e imaterial criada pela tecnologia e pela rede mundial de computadores. "Já que as máquinas se encarregam do trabalho fatigante, a monetização das camadas populares dá chance a elas de desenvolver sua sensibilidade e se reinventar."

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/04/01/a+proxima+revolucao+sociotecnocultural+vira+dos+paises+emergentes+5263925.html

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