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Evidenciando que a natureza das empresas ainda não está tão alinhada à velocidade que os meios digitais permitem e exigem, 52% dos consultados apontam a falta total de interação das organizações com seus públicos online. De todo modo, quando isto acontece, é através do Twitter (24%), Orkut (22%) e Facebook (17%), e depois os blogs (14%). Esta falta de interação é atribuída à ausência de estratégia definida (20%) e receio de se expor (20%), além de não verem benefícios para geração de negócios B2B (17%) e de reconhecerem não haver estrutura interna para atender as demandas (17%). Para Madu, “a aprendizagem contínua precisa passar pelo recebimento de críticas”, algo que as organizações não estão preparadas.
A maior parte das empresas afirmou começar a tentativa de interação através do setor de comunicação interna, que ajuda a disseminar a cultura Web 2.0 na empresa. Outra “porta de entrada” são sites com interação, que ajudam a monitorar o volume de interações e os assuntos predominantes, afora ações pontuais que permitem monitorar repercussão, fechamento de negócios e geração de buzz. Como exemplos de sucesso foram citadas as redes sociais internas nas organizações, que demonstram a efetividade de compartilhar informações e melhorar a produtividade. A internet como apoio a marketing é outro modo de reconhecer a pertinência da rede, em suporte a campanhas em mídias tradicionais e como plataforma para promoções e jogos. A captação de novos talentos também é outro indicador, porque já vem sendo feita via redes sociais, com evidente economia e precisão de perfil. Conteúdos informativos distribuídos têm mostrado força como geradores de novos negócios e foram outro apontamento daquelas organizações com experiência nas interfaces online. “Em geral, a mentalidade tradicional nas empresas é de restrição de informação”, comenta Adriana.
Como marcas de esforços inadequados para o meio, foi citada pelos entrevistados a manutenção de perfis falsos ou manipulados, em que a interação em redes sociais feitas por funcionários que se passam por clientes satisfeitos. Quando a idéia era excelente, muitos casos relatam problemas técnicos que impediram a execução, sendo outro ponto de preocupação. O alarde sobre lançamentos de portais, conteúdos ou campanhas que não se concretizaram na data ou forma divulgada vem acrescer na política imprópria para a presença digital, bem como não ter uma identidade única na internet e fora dela, ocasionando falta de alinhamento na comunicação e resultados abaixo do esperado.
MODELOS - Para Nassar, dentro da comunicação organizacional, quando se olha o “estado da arte”, é preciso perceber os fluxos de informação – descendente, ascendente, horizontal e transversal. Este último é o que predomina nas redes sociais, onde não há respeito a hierarquias e predomina a rede informal de contatos. São os modelos administrativos, portanto, que determinam as possibilidades de interação. As empresas trazem uma cultura de controle de produtividade e de comportamentos, onde os trabalhadores são vistos como operadores. Hoje, o controle do trabalhador do conhecimento é inadequado, pois é alguém que gera valor exatamente pelo diálogo. “Nas organizações, há um tremendo desafio, que é o controle, devendo respeitar o novo social. Nele, a seleção por stakeholders como meio de ação acabou. Cada um desempenha inúmeros papéis sociais”, exemplifica.
Há perda de centralidade da empresa no momento em que todos produzem conteúdo, segundo o diretor. As questões colocadas são contrapostas por outros agentes em tempo real. Os P´s perdem poder: pai, professor e padre agora convivem com outros protagonistas que atraem a confiança das pessoas. E isto, naturalmente, se alastra para o ambiente organizacional e indica a necessidade de emergência de novas práticas, não só de comunicação.
Andrade aposta que “antes de falar em web 2.0, precisamos entender e falar de gente”, até porque todas as alterações trazidas pelo ambiente digital têm repercussão direta no cotidiano com mudança de legislação tributária, compras, direitos autorais e relacionamentos. Há impactos nos pontos de contato, na diminuição de custos, na geração de receitas, nas telecomunicações, na gestão e na atração de negócios, mostrando que cada vez mais as ações precisam estar interconectadas para obtenção de resultados. Ele acrescenta que “é preciso quebrar paradigmas dentro da organização, como a rigidez da estrutura hierárquica”, além do fato de a fragmentação não ter mais espaço, porque é preciso uma visão global. “Não dá pra fazer projeto na internet e ver no que vai dar. Precisa de plano estratégico”, complementa defendendo ambientes de teste, homologação e produção. O consultor ainda localiza outro nó nos projetos interativos: mais de 70% do trabalho depende de TI, mas se vê uma desconexão mútua muito grande entre negócios e tecnologia quanto a necessidades, possibilidades e prazos. A saída é estruturar comitês de projeto com interlocutores de vários setores.
RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas (http://www.mundorp.com.br/)
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