É hora de aplicar inteligência nos processos de comunicação interna nas organizações





A formatação de business plan para aperfeiçoar a área, qualificar a equipe e garantir retornos financeiros aos investimentos chegou na comunicação interna das organizações. Diagramas, planilhas, projeções de despesas e receitas e outras ferramentas típicas dos setores administrativo-contábil agora fazem parte do cotidiano dos comunicadores. Com orçamentos cada vez mais enxutos, é preciso programar este universo de ação como gerador de valor e não como fonte de gastos. Foi o que se viu na Conferência Internal Communications Intelligence da International Business Communications/IBC, integrante do Informa Group, realizada nos dias 24 e 25 de fevereiro de 2010 no Hotel Park Plaza em São Paulo/SP.

A diretora de atendimento da Press&Mídia Comunicação, Dirce Alves, entende que inteligência competitiva diz respeito à busca de manutenção ou desenvolvimento de vantagem em relação aos concorrentes, a partir da captação, filtragem e análise de dados para embasar tomada de decisão. No contexto da sociedade do conhecimento, onde a interação dos âmbitos social, cultural, econômico, político e institucional é intensa, a efetividade da leitura de cenários influencia na qualidade da ação e reação. A inovação tecnológica e a busca da integração da informação são pontos fundamentais neste cenário, ao lado do alinhamento e da disseminação de missão, visão e valores como base para a reputação. “A inteligência competitiva é um componente crucial da emergente economia do conhecimento, com análise de players de mercado e antecipação de tendências”, complementa. Todo trabalho nesta área precisa levar em conta o diagnóstico dos pontos frágeis e fortes, análise de contexto regional e limitações de tempo e recursos. Com a consciência de que a informação gera negócio, os gestores estão cada vez mais atentos à potencialidade do tema.

A relações públicas Cynthia Provedel, gerente de Comunicação Interna da Ericsson Telecomunicações, trouxe uma equação bastante simples e interessante: se processos são criados de uma somatória de pessoas e ferramentas, e pessoas significam uma conjunção de competências e atitudes, a união entre processos e profissionais leva à inteligência e à otimização. Só atendendo à estratégia do negócio é possível posicionar a comunicação interna como agregadora de valor, com os subsídios necessários para definir plano tático e demandas e alocar ferramentas e recursos. Um ponto importante é reunir uma equipe que apresente competências técnicas, comportamentais e de negócio para dar andamento eficiente a este fluxo. Sobre competências técnicas, cita a formação em si, as habilidades táticas em mídias, conteúdos e ferramentas, o conhecimento sobre mensuração e de temas transversais como branding, sustentabilidade e recursos humanos. As competências comportamentais dizem respeito à capacidade de assumir riscos e liderança, ao poder de persuasão, argumentação e coaching, à agilidade no raciocínio com respostas rápidas, à automotivação, ao relacionamento interpessoal, à sensibilidade, humildade e flexibilidade. Já sobre competências de negócio, a executiva cita conhecimentos de valores de marca, cultura organizacional e do ambiente do mercado. Por isto, indica o assessment, um mapeamento do nível de prontidão, resultados e potencial das pessoas, que cada vez mais atualmente precisam aglutinar habilidades como ser gestor da marca (identidade e reputação), do negócio (forças e fraquezas do cenário e da cultura organizacional), da mudança (provocador de transformações), de mensuração (avaliação, monitoramento, indicadores) e de conteúdos (criação e difusão de mensagens consistentes), além de influenciadores culturais (diplomacia corporativa e entendimento do humano).

Processos inteligentes organizam a estrutura e as tarefas, com consistência planejada sustentando estratégia, tática e tomada de decisão. A ideia é desenvolver processos transparentes e eficientes para identificar gargalos, interfaces e responsabilidades com rapidez. É preciso abranger todos os elos da cadeia com a mesma visão, plataforma e ferramentas. Uma comunicação interna estruturada, para a gerente da Ericsson, busca alinhamento entre escopo estratégico do negócio e de CI, posicionando-se como ferramenta de gestão: a área deve observar e estudar elementos para assegurar a satisfação dos funcionários (a partir do entendimento do perfil, repertório e hábitos), e assim ser permeada por processos robustos, transparentes e inteligentes. O trabalho completa-se com a consulta de líderes e formadores de opinião como aliados da estratégia e multiplicadores confiáveis do face-a-face.

PERCEPÇÕES – A jornalista Fabiana Franco, assessora de imprensa do Hospital Santa Rita de Cássia - uma entidade filantrópica de atendimento a pacientes com câncer em Vitória/ES com 1.200 funcionários e mais de 360 voluntários, tem a visão de que o público interno é um dos responsáveis por difundir positivamente o nome da empresa e precisa então ser um aliado. Neste sentido, os canais de comunicação são desenvolvidos e implantados e os públicos de interesse são mapeados e segmentados para garantir atenção e repercussão. “Muito mais do que ter um bom comunicador”, alerta ela, “o setor de comunicação deve se preocupar com o eco de sua voz”.

A integração dos sete mil funcionários da CPFL Energia levaram o gerente de Comunicação Carlos Henrique Ramos a transformar a intranet em um portal de notícias com lay-out arejado e com informações em tempo real. Antes, o espaço era praticamente um depositário de banners, com dados escondidos e sem padronização visual, e a operacionalização do novo projeto veio com treinamento de engenheiros e técnicos-líderes para torná-los disseminadores da nova interface. Uma ampla campanha de comunicação foi implementada, com cartaz no elevador, email marketing, banners impressos e eletrônicos. Toda a estratégia foi baseada na necessidade cada vez maior de expressão da equipe, tanto que a inserção de cerca de quatro matérias por dia – com a participação de 35 colaboradores-repórteres – levou a 240 mil acessos nos cinco primeiros meses. Já foram registrados 689 comentários, que são considerados “o coração do projeto”, e foram postados 125 anúncios no espaço de Classificados recém-criado. Para Ramos, o canal reforça a determinação da empresa em informar prioritariamente o público interno. O próximo passo é o Orkut corporativo.



Ana Claudia Gomes, responsável pela comunicação interna na Diagnósticos da América/DASA, falou sobre a elaboração de um business plan inteligente na área, identificando previamente as necessidades organizacionais e do público interno para poder apresentar um documento assertivo para a tomada de decisão. Ela cuida de 13 mil funcionários em nove regionais no país e faz a gestão de prioridades das áreas-clientes de acordo com o planejamento estratégico do negócio. A executiva ressalta o alto impacto, e portanto a responsabilidade, sobre a geração de conteúdo relevante, numa gradação que envolve uma seqüência de etapas – saber, compreender, acreditar, agir e multiplicar. É neste mesmo enfoque que trabalha Aline Melo, coordenadora de Comunicação do Centro Universitário Senac, como consultoria interna e não como atendedor de demandas, até porque são quatro mil funcionários em 60 unidades em todo o estado de São Paulo. O maior desafio é a organização dos fluxos informativos entre setores, normalmente um nó dentro das estratégias comunicativas.



RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas (http://www.mundorp.com.br/)

This entry was posted on domingo, 14 de março de 2010 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.