O lançamento do Comitê ABERJE de Desenvolvimento Profissional já garantiu, além de muitas reflexões sobre as decisões de carreira de cada participante, um aprendizado coletivo importante: estamos na era da conectividade e esta capacidade de integrar-se a redes de relacionamento e influência praticamente assegura aceitação dos contratantes. O evento, organizado somente para membros da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (www.aberje.com.br), aconteceu no dia 05 de junho de 2008 na Casa do Saber em São Paulo/SP e levou para depoimentos o headhunter Simon Franco e o executivo de Comunicação Sidnei Basile.
O coordenador do novo espaço de debates, Gilberto Galan, comenta que a crescente complexidade das atribuições dos comunicadores requer contínuo aperfeiçoamento, não somente técnico mas sobremaneira humanístico, para conseguir gerir prazos curtos, orçamentos estreitos, enxugamento de equipes, fusões e aquisições com alteração de chefia e outros agentes sociais intervenientes no trabalho, como grupos populares, sindicatos e minorias. O Comitê pretende servir como uma janela de oportunidade para discussão de realidades e tendências, sempre contando com um headhunter e consultores de RH de um lado, e a visão de profissionais seniores de outro.
Sob o título “O Novo Gestor – Atitudes e Oportunidades”, Simon Franco iniciou sua apresentação com uma sentença: mesmo que se diga que o planejamento é fundamental para tomada de decisões acertadas, hoje está comprovado que mudanças de carreira são determinadas por dinâmicas de mercado alheias a análises de cenário prévias. A equação na área sofreu uma leve transformação – afora o saber (conhecimento) e o saber fazer (experiência), agora o que é relevante é o saber ser. Sobre isto, ele explica que os desafios mudam, o nível de diálogo e o contexto também, mas permanece o fato de que continuam sendo pessoas trabalhando pra pessoas, e portanto a valorização do ser humano está em alta. Franco é graduado em Administração de Empresas pela PUC/SP e possui extensão acadêmica em Literatura Inglesa pela Universidade de Oxford da Inglaterra. Foi colunista da revista Exame entre 2000 e 2004. É presidente da Simon Franco Recursos Humanos (http://www.simonfranco.com.br/) . Escreveu “Criando o próprio futuro – o mercado de trabalho na era da competitividade total” e “O profissionauta – você no mercado de trabalho do século XXI”, ambos pela Editora Futura/Siciliano.
Para o consultor, os ativos de diferenciação no mercado historicamente vinham sendo controlados pelo empregador. Até os anos 50, a ênfase era a inovação; entre 50 e 70, veio a capacidade financeira; de 70 para 80, o diferencial foi a diversificação de atuação; chegando aos anos 80 e 90 com a supremacia da qualidade e aos anos 90 e 2000 com o destaque para a fidelização do consumidor. Só a partir do ano 2000 que muda o prisma, e o diferencial no mercado é o talento, daí gerido pelo empregado, em suas decisões individuais. “O que é preciso é a capacidade de pensar, dentro de um padrão próprio de energia física e mental suficientes para os desafios. O inusitado cada vez mais vai estar presente em nossa vida, porque muito não cabe nos manuais”, esclarece.
A mudança de paradigma enfrentada agora envolve duas economias: a passada, com funcionários assalariados, leais às empresas, centrados na aprendizagem individual em condições de trabalho rígidas, com avaliação de desempenho imposta e remunerado por tempo; para a atual, com investidores que participam dos lucros, têm lealdade com suas convicções dentro da estratégia de trabalho conjunto, acreditam na aprendizagem coletiva e em condições de trabalho flexíveis, para que sua auto-gestão garanta uma remuneração por resultado. O sucesso está na interdependência, e o engajamento é bom enquanto for produtivo para todos.
FRACASSOS – O jornalista Sidnei Basile, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Abril, não contrariou Franco. Seu depoimento esteve baseado na mostra das ocasionalidades de sua exitosa carreira, com caminhos trilhados pela impossibilidade de implementar alguns sonhos ou pela imposição de regimes políticos ou necessidades econômicas. Todavia, mesmo citando aquilo que ele denomina de “seus fracassos”, o executivo envolveu a platéia numa saga instigante, bem-humorada e exitosa de decisões que envolveram trabalhar na redação de veículos como Folha de S.Paulo, Grupo Exame e Gazeta Mercantil, e também na presidência de agência de comunicação corporativa, como a Burson-Marsteler. Jornalista há 40 anos, ele é advogado e sociólogo pela USP, e autor de “Elementos de Jornalismo Econômico”. Trabalha em diversas entidades sociais, como o WWF e o Instituto Akatu, além da Fundação Nacional da Qualidade.
Citando continuamente postulados do filósofo Sêneca (veja mais abaixo), Basile discorreu sobre como avançar na vida é um misto de administração de ira, de frustração e de otimismo, sem nunca perder o controle da vida sob uma visão ética. A todo instante, é demandado do profissional fazer escolhas, gerindo seu escasso tempo diante de uma oferta múltipla de informação. “Mas precisamos ter alma e coração em tudo que se faz. E nunca podemos nos amesquinhar, baixar a cabeça e abrir mão dos valores”, declara.
AGENDA – A ABERJE volta a reunir associados interessados em desenvolvimento profissional no mês de agosto. Até lá, outros espaços e eventos devem integrar a agenda dos executivos e profissionais, como o lançamento do Comitê de Relações Governamentais no dia 26 de junho, coordenado por Leandro Rosa e com início da divulgação de curso na área em parceria com a George Washington University; a reunião do Comitê de Sustentabilidade no dia 4 de julho e o lançamento do Comitê de Comunicação Digital no segundo semestre do ano.
SÊNECA - Lucius Annaeus Sêneca (cerca de 4 a.C.-65 d.C.) nasceu em Córdoba/Espanha. Filho de Annaeus Sêneca, conhecido como Sêneca, o velho, que teve renome como retórico e do qual restou apenas uma obra escrita, intitulada Declamações. Sêneca (filho) foi educado em Roma, onde estudou a retórica ligada à filosofia. Em pouco tempo tornou-se famoso como advogado e ascendeu politicamente, passando a ser membro do senado romano e depois nomeado questor. Foi, ainda que a contragosto, o principal conselheiro de Nero, chefe que viria a lhe ordenar suicídio. Entre os seus doze Ensaios Morais, destacam-se: Sobre a Clemência, cautelosa advertência a Nero sobre os perigos da tirania; da Brevidade da Vida, análise das frivolidades nas sociedades corruptas, e Sobre a Tranqüilidade da Alma, que tem como assunto o problema da participação na vida pública; as Questões Naturais expõem a física estóica enquanto vinculada aos problemas éticos. Além dessas obras propriamente filosóficas, Sêneca escreveu ainda nove tragédias e uma obra-prima da sátira latina, Apolokocintosis, que ridiculariza Nero e suas pretensões à divindade. A filosofia é para ele uma arte da ação humana, uma medicina dos males da alma e uma pedagogia que forma os homens para o exercício da virtude. O centro da reflexão filosófica para Sêneca é a ética.
RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas (http://www.mundorp.com.br/)
Postado por Juliano Melo.
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