Apesar de uma predominância ainda jovem, constata-se um envelhecimento acelerado da população brasileira. As famílias estão menores, com lares unipessoais e até independentes, numa nova combinação de atores. Alimentos, habitação e transportes consomem 56% da renda média dos trabalhadores, percentual que chega a 70% na classe E. Esses foram alguns dos resultados divulgados por Ana Fioratti, em painel sobre tendências detectadas pela empresa de pesquisa Latin Panel durante o evento APAS 2008.
A executiva focou os números para o tipo de negócio predominante da platéia, mas suas análises prevêem impacto em todos os segmentos econômicos. A evidência de maior distribuição de renda, com a emergência das classes D e E como responsáveis por 70% do consumo nacional, afeta direta ou indiretamente qualquer empresa. Segundo ela, a alimentação fora do lar, o lazer e o vestuário serão beneficiados nesta onda, em que a renda média é de R$ 1.463,00. O consumidor ampliou sua cesta básica de maneira contundente desde 2002, passando de 30 para 40 itens diferentes em 2007 nas classes AB e de 28 para 28 itens na classe C. A praticidade e a conveniência em produtos prontos e semi-prontos é outra forte tendência, levando 36% do consumo, com aumento de desembolso para produtos não-básicos. “Preço per si não é mais a questão, mas sim valores agregados aos produtos”, aponta.
A marca de preço intermediário representa 47% das compras, patamar onde muitas marcas próprias estão sendo posicionadas (69% das pessoas já experimentaram este tipo de bem), exceção feita para produtos não básicos onde há predominância de marcas de alto preço. As marcas-líderes consolidam seus mercados com 21% das compras dos itens básicos e 28% dos sofisticados. Ana comenta que cada categoria tem um movimento específico, assim como cada canal tem seu shopper: supermercados vendem em 40% para classe C; hipermercados em 39% para classes AB e 37% para C; farmácias ficam com 43% da classe C e 27% da AB; varejo tradicional tem 39% de classes CDE; ficando o porta-a-porta com 79% das classes CDE, o mais fiel dos públicos. As linhas de têxteis (cama-mesa-banho, roupas em geral) e eletroeletrônicos não são comprados em mercados, mas sim em lojas especializadas. A pesquisadora complementa: “a maioria dos brasileiros não é fiel ao tipo de canal, tendo prevalência de traslado a pé em todas as classes sociais. Por isto, as redes fazem uma pulverização de pontos de negócio”.
A decisão de compra se dá por uma combinação de preço, sortimento e localização. O crescimento dos supermercados tem decorrido da fidelização do consumidor, que valoriza serviços adicionais, como organização da loja, existência de empacotador e variedade de estoque, além de entregas em domicílio e variedade dos meios de pagamento. Como idéias de serviços diferenciados, até porque pelo exercício de comparação e postura crítica as pessoas já não se entusiasmam com pouca oferta, Ana sugere produtos orgânicos, rotisserie, lanche no local e oferta de serviços financeiros.
TEMPO – Celso Furtado, da rede Coop Zapt de lojas de vizinhança, prestou seu depoimento nesta nova modalidade de ponto-de-venda, dentro do espírito de conveniência. A vida urbana e a falta de tempo foram realidades importantes para selecionar o tipo de loja a abrir, baseando-se na praticidade e na compra de reposição, humanização da loja com mais colaboradores, apuro na limpeza e otimização do mix. Ele comenta que as famílias e seus apartamentos menores exigem espaço reduzido de estocagem, forçando mais visitas aos mercados. Daí que produtos frescos e opções saudáveis também ganham mais atenção. O estoque varia de acordo com a demanda de cada loja, a partir da prevalência efetiva de compra, numa experiência de personalização. As lojas seguem o conceito de “brand engangement”, uma ação coordenada de cenários, disposição de mostruários e ilhas e de pessoas para envolver os clientes, com alto cuidado nas fachadas e na comunicação interna.
RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas (http://www.mundorp.com.br/)
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