A questão da manutenção da vida do homem sobre a Terra já provoca mudanças profundas.
Pode parecer, em alguns casos, um manifesto utópico. Mas, desculpe-me a frase feita, a não-novidade puída pelo excesso de uso: "o mundo mudou". Só que apesar de ter mudado, em alguns quesitos drasticamente e mais para uns do que para outros, a mudança continua. Ainda faz vítimas, heróis e sobreviventes. Uns estão um pouco mais adiantados, outros mais atrasados, e alguns ainda não perceberam que começam a comer poeira e a perder distância do grupo que vai à frente. Estes, que já trafegam no pelotão dianteiro, experimentam conceitos novos, mesmo que carregados por palavras velhas. São os que já entenderam que tudo se pauta pelo relacionamento e ele deve ser baseado na mais ampla possibilidade de diálogo. Isso vale dos negócios até os namoros.
Hoje, cliente e fornecedor são, ou devem ser, parceiros. Uma categoria nova, que pressupõe que os dois ganhem no relacionamento. Esse é o princípio dos novos tempos: um negócio só é bom quando é bom para todos os envolvidos direta e indiretamente. Da mesma maneira, os iniciados consideram em suas atitudes a integração do humano e social ao econômico.
As pessoas estarão mais conscientes e terão uma postura mais exigente ao consumidor, o que mudará o trabalho e o relacionamento com empregados e parceiros.
Essas três dimensões equilibradamente tratadas constituem o que se chama de sustentabilidade. E é importantíssimo que elas sejam introjetadas e transpareçam no nosso modo de ser e agir, para que mudanças de comportamento, padrões de consumo, sistema de produção, entre outros, sejam vistos e realizados de outra maneira. Afinal, não é exatamente o planeta que está ameaçado. Nossa espécie é que corre o risco, sério, de extinção. Quando o ecologista fala sobre o complexo problema da água doce no mundo, ele não se refere ao risco que o planeta corre de ver seus rios secarem, mas à permanência do ser humano sobre ele.
O consumo consciente será bem visto entre as pessoas, assim como as relações lúcidas com dinheiro vão prevalecer. O apego às coisas, o ter, o acumular, perderão valor.
Da questão vivida hoje, insistentemente apresentada por cientistas, multiplicada à exaustão pela mídia, um novo nível de relacionamento entre pessoas e entre elas e as coisas deve, aos poucos, ganhar espaço.
As pessoas estarão mais conscientes e terão uma postura mais exigente ao consumir, o que fará o produtor trabalhar de maneira diferente ao produzir, do relacionamento com seus empregados e parceiros dentro de sua cadeia produtiva, ao uso correto de matérias-primas e descarte correto de suas sobras.
O apego às coisas, o ter, o acumular, passará a ser visto com olhos desconfiados. O ser, o usufruir com consciência, as emoções, farão parte das atitudes bem vistas e estimuladas. O consumo consciente, as relações lúcidas com o dinheiro e com o poder prevalecerão entre as pessoas. O consumidor, de fato, ganhará poder, ciente dos impactos envolvidos com cada um dos seus atos de consumo, interessado em conhecer os processos por trás daquela marca, relações com seus empregados, a sua atitude cidadã no cumprimento de seus deveres, e muito além.
Talvez ainda surja um tempo mais lento. Um tempo em que as pessoas desinteressadas em ganhar a qualquer custo, redescubram a maneira humana de se relacionar: com afetividade.
Fonte: Revista Negócios da Comunicação
Postado por: Ramon Fernandes
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