por Helen Novaes
Dizer que as empresas devem assumir dentro da sociedade um papel mais amplo do que a tradicional função de geradora de riquezas já não é mais novidade para ninguém. Dizer também que a preocupação com o bem-estar da comunidade, com a preservação ambiental, com o nível educacional da população, entre outras atitudes, relaciona-se diretamente com o sucesso e perenidade dos negócios também já está claro. Se não para todos, mas para a grande maioria dos empresários e executivos.
Então o que ainda falta esclarecer sobre Responsabilidade Social Empresarial e a missão social das empresas? Considero que ainda é válida uma reflexão mais profunda sobre o papel da comunicação das ações sociais desenvolvidas por empresas e seus resultados.
Comunicar para que os consumidores possam eleger entre quais empresas comprar seus produtos? Comunicar para permitir à sociedade conhecer os valores da empresa e assim conquistar sua confiança e preferência? Comunicar para posicionar a imagem de sua marca diante dos diversos públicos com os quais a empresa interage, tais como clientes, funcionários, governo, fornecedores, imprensa, entre outros? Ou ainda, comunicar para demonstrar transparência nas suas práticas e garantir boa reputação?
Sem dúvida, todos os propósitos acima justificam uma boa estratégia de comunicação das ações sociais da empresa, mas ainda é preciso amadurecer a visão de que até a comunicação feita pela empresa, quer seja via publicidade, assessoria de imprensa, eventos ou relações públicas, é também uma ação de responsabilidade social capaz de mobilizar novas ações, disseminar a cultura de cooperação e definitivamente contribuir para que cresça a “corrente do bem”, aquela onde o bom exemplo é o que gera a verdadeira mudança e transformação da sociedade.
Ao informar ao consumidor que comprando o refil ao invés da embalagem tradicional, o cliente está ajudando a empresa a economizar e utilizar menos recursos da natureza para a produção da embalagem, a Natura - empresa de cosméticos - gera uma atitude exemplar que obriga não apenas os seus concorrentes, mas as mais diversas empresas de tantos outros ramos, que utilizam os mesmos processos de produção, a refletirem sobre sua postura e adotar novas práticas que oferecem outras possibilidades que causem menos impacto no meio ambiente. E ainda torna o cidadão mais cúmplice e participativo na construção de uma sociedade mais critica e voltada à preservação.
Este tipo de comunicação responde de maneira positiva a todas os objetivos de marketing acima propostos e consiste efetivamente no que chamamos de Marketing social, capaz de promover mudanças de comportamento e transformação social. Este é o paradigma que queremos transpor, o de que as empresas ao adotarem causas sociais também assumam uma comunicação responsável e inspiradora, cujo propósito maior é o de promover a transformação da realidade atual através do próprio exemplo.
Entender que a prosperidade material não pode ser o único objetivo da empresa e que sua participação na sociedade pode transcender aos benefícios econômicos, entender que comunicar é dar o bom exemplo, é demonstrar que é possível, é proclamar que se acredita num mundo que não separa os ricos dos pobres, é dizer que todos devemos ter uma visão mais transcendental da vida e das finalidades da vida, não deixando que persista na sociedade deste milênio a prevalência do mito econômico sobre o valor de cada vida humana.
Desta forma teremos a resposta certa: Comunicar para quê? Para sonharmos e fazermos juntos um mundo bom para todos.
Helen C. Paiva Novaes é consultora e professora de Responsabilidade Social Empresarial no MBA da ESAMCde Uberlândia.
Fonte: Meio&Mídia.
Postado por Juliano Melo.
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