Empresas sensuais atraem talentos pelo lado emocional

Madri, 18 de Julho de 2008 -

Para a estante na qual conservamos livros de referência, de consulta ou simplesmente os que nos influenciaram de forma especial, incluiria "A Empresa Sensual", de Jesús Vega. Por quê? Fácil: trata-se de um livro original, direto, com idéias e propostas claras e testadas e, também, provocador. Esse profissional de Recursos Humanos - Vega trabalhou vinte anos nessa área em firmas como Santander, Hewlett Packard e Inditex - nos diz que no mundo empresarial "o básico é o importante; as pessoas desejam um bom salário (em dinheiro), ser tratadas com dignidade e respeito, e, principalmente, trabalhar em um projeto apaixonante".

Para Vega, as companhias que correspondem a esse perfil são as que denomina de sensuais. E as classifica dessa maneira, com esse adjetivo tão ligado ao ser humano, porque, antes de mais nada, são organizações que possuem algo que atrai e apaixona seus funcionários, investidores e clientes. São companhias que no tratamento dado aos empregados conseguem que eles se sintam pessoas, não ferramentas.

Ao conversar com o autor, Vega deixou claro que, para conseguir isso, o trabalho do chefe é fundamental. "Ele é a cara da empresa para o empregado, e se não é possível ter as três qualidades, o que se deve fazer é incrementar as outras duas - que em geral não tem nada a ver com o salário - porque para criar um projeto apaixonante não há desculpas."

Em tom displicente e com uma linguagem às vezes provocativa, Vega explica quais são os atributos das empresas sensuais: imagem, inteligência e personalidade, que precisam de cuidados como nos três momentos essenciais do toda a relação amorosa: desejo, sedução, e manutenção da paixão. Para elaborar isso, Vega deu vida à empresa e é ela que, na primeira pessoa, conta como e o que fez para seduzir seus empregados e clientes.

De modo concreto, descreve aspectos e atuações da Zara, Starbucks, Apple e Google, aprofundando a explicação de como essas instituições conseguiram êxito. Um dos pontos-chave dessa história se encontra na introdução do livro. Nessa parte, Vega diz que "para resolver o mais intrincado dos problemas não é preciso nenhuma ajuda externa, unicamente uma mescla de determinação, talento interno e senso comum".

Enfatiza que "quando alguém se acostuma a não criar idéias próprias, qualquer idéia externa serve". Assim, alerta sobre a excessiva tendência de se voltar para consultas externas - que, reconhece, em algumas ocasiões podem ser muito valiosas - mas defende fortemente que é preciso tentar soluções utilizando os próprios recursos, meios e experiência, já que dessa forma se cresce profissionalmente. O livro aborda também a importância e necessidade de desnudar a empresa, eliminar os processos desnecessários que separam executivos de subordinados. Dessa forma, a comunicação será mais fluida, transparente, eficaz, e cada um assumirá sua responsabilidade, trabalhando pelos interesses coletivos mais do que pelos próprios interesses.
A imagem é outro atributo para o qual o autor pede atenção. "É preciso cuidar não apenas da imagem de marca, mas também da imagem empresarial. As companhias sensuais fazem isso e conseguem atrair as pessoas pelo lado emocional." Diante da pergunta se as empresas, em especial as espanholas, podem aprender a ser sensuais, a resposta de Vega é sim. "É preciso valorizar a grande evolução que as companhias da Espanha vivenciaram nos últimos 25 anos, porque antes poucas eram multinacionais."

Obviamente, para esse profissional de RH, a sensualidade pode ser apreendida, mas "é necessário superar três barreiras: a experiência de êxito obtida pelas organizações, que pode fazer pensar que agindo da mesma maneira sempre continuarão tendo o mesmo resultado; a tendência exagerada à gestão do poder e à burocracia, e evoluir para o exterior, no que é fundamental o conhecimento do idioma inglês". Após a leitura do livro torna-se viável a evolução para a sensualidade, embora a triste realidade é que o universo empresarial é ainda repleto de empresas nada sensuais.

Fonte: (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7)(Ángela Méndez/Expansión)
Postado por: Ramon Fernandes

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